Rescova chama atenção ao país
Caiu por terra um dos investimentos mais importantes do MPLA. Um filho de Angola que muito tinha para dar. O mais jovem governador, e defensor acérrimo dos ideais dos camaradas, tombou na tarde de ontem, sexta-feira, 09.
Aquando da informação da transferência de Rescova para Luanda, em situação crítica, nada foi explicado ou informado pela parte do governo, ou do ministério da Saúde. A morte do jovem político, no entanto, traz várias questões e chama atenção à classe política.
Por: Osvaldo de Nascimento
É sabido que ninguém sairá deste mundo vivo, que a morte é um fenómeno natural, também, é sobejamente sabido. Mas, nesta naturalidade, a lei da vida diz que devem ser os filhos a enterrar os pais, e não o contrário.
A Covid-19 está entre nós há sensivelmente sete meses, o governo tem feito o possível para conter a expansão desta doença. O governo tem usado fundos públicos para salvaguardar à vida de todos. Porém, não nos é devidamente explicado como os fundos têm sido usados.
Neste tempo de Covid, em que ninguém está seguro, é imperioso que se explica em que, concretamente, estão a ser aplicados os 43 mil milhões de Kwanzas aplicados no combate à pandemia.
Em boca pequena, e porque a sabedoria do povo não deve ser subestimada, nos quatro quantos do país, já se diz que esta ‘maldita’ doença tem sido o escadote para o ‘fabrico’ de novos ricos, que não vêem meios para lucrar alguns, quando o país importa fármacos ou meios que servem para combater a doença.
O silêncio tumular que os governos provinciais vão se colocando mesmo não tendo meios para acudir a doença nas suas zonas de jurisdição, pode comprometer a luta.
O governo criou hospitais de combate à doença em Luanda, e há alguns ‘postos médicos’ sem ventiladores nem oxigénio no resto do país. Mas ninguém diz nada, todos os dias são relatados novos casos, e tudo está bem.
São caros os aparelhos, são caros os fármacos, mas se não combatermos esta doença com tudo que temos, corremos o risco de sermos dizimados.
Em Abril do ano em curso, por exemplo, Mpinda Simão, antigo governador do Uíge, em entrevista ao JA, garantiu que a província tinha um centro de tratamento de pessoas infectadas com a Covid-19, e que foi criado num dos blocos do Hospital Central do Uíge, no âmbito da prevenção e combate da pandemia na província.
Disse também, que na antiga área de tratamento da cólera foram instaladas 15 camas e outros equipamentos necessários para casos leve, enquanto no rés-do-chão do Bloco Operatório foram colocadas igual número de camas e ventiladores, repito, ventiladores para os mais graves. Simão, referiu que existe pessoal médico nacional preparado para trabalhar nestas áreas, coadjuvados por três médicos cubanos
Ao tomarmos conhecimento, através do site Club K, que quando o Governador Rescova começou com os primeiros sintomas da doença nem oxigénio havia na província do Uíge, colocamos às mãos à cabeça, e metemos as barbas de molho.
Rescova não era um pé rapado, não era mais um diagnosticado, era o representante do Presidente da República no Uíge, era o número um da província. Se a saúde não consegue tratar o número um, imaginem que hipóteses terá o número 1 milhão?
A morte de Sérgio Luther Rescova Joaquim, chama atenção aos governantes do país, aos técnicos de saúde e principalmente ao ministério da Saúde, pela forma atabalhoada como têm tratado os doentes infectados por essa ‘maldita’ doença, bem como todas outras que todos os dias vão ceifando milhares de vidas angolanas.
Biografia
Sérgio Luther Rescova Joaquim nasceu no dia 16 de Maio de 1980, no município da Damba, província do Uíge.
Mestre em Ciências Jurídico-Políticas e licenciado em Direito pela Universidade Católica de Angola, foi Deputado à Assembleia Nacional, desde Setembro de 2017, inserido na Comissão de Assuntos Constitucionais e Jurídicos.
Exerceu também o cargo de secretário Nacional da JMPLA, organização juvenil do MPLA.
Entre 02 de Janeiro de 2019 a 26 de Maio de 2020 exerceu o cargo de governador da Província de Luanda.
Desde 26 de Maio de 2020 à presente data exercia o cargo de governador da Província do Uíge.