CNJ: Os apartamentos da Vida Pacífica construídos pelos pais do Isaías Kalunga
Os moradores da Zona 2 da Centralidade Vida Pacífica decidiram comemorar o primeiro aniversário desde que receberam as chaves dos apartamentos dos prédios confiscados pelo Estado, e pelos quais temos o compromisso de pagar mais de cinquenta mil kwanzas/mês, para justificar a nossa estadia naqueles três quartos, sala, varanda, dois wcs, cozinha, dispensa e lavandaria.
Por: Osvaldo de Nascimento
A forma, meios ou atalhos que cada um chegou no seu apartamento, ainda sobre obrigação de cada um pagar a vença mensal, cada um sabe e justifica.
No meu modesto caso, foi através de um colega de profissão (o nome não será revelado), que meses antes trabalhamos juntos sob pedido do senhor Kalunga para fazer a sua imagem, enquanto líder do Conselho Provincial da Juventude (CPJ), contra uma suposta conspiração que ele (Kalunga) dizia que era alvo, do até então líder do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) Tingão Mateus e seu staff.
Estávamos em 2019, se a memoria não me atraiçoa, quando o actual líder do CNJ, primeiro apeado, e semanas depois transportado por uma carrinha de marca Toyota, modelo Hilux (novinha em folha), beijava os nosso pés (eu o meu colega de profissão) em busca de um destaque nas plataformas em que estávamos inseridos, para que ele tivesse o tão almejado cargo.
Na altura, estava eu a liderar o Portal de Angola, e o actual ‘chefe’ da “juventude angolana”, com as devidas aspas, os olhos de ‘malundo’, andava atrás dos jornalistas em busca de um destaque.
Na iminência de ser afastado do cargo (CPJ), por causa de um suposto processo disciplinar, Kalunga procurou reunir com a ‘minha pessoa’ num domingo, a todo custo, para responsabilizar Tingão sobre o seu ‘desterro’ do cargo provincial.
Humilde, na altura, e afável, àquele jovem dizia que só queria o bem da sua juventude, era filho de camponês e por isso estava a ser perseguido por um grupo e jovens do seu partido.
Kalunga, que também é efectivo da Polícia Nacional, não olhava por meios e directrizes quando o assunto era aparecer na mídia.
Eu, e demais jornalistas devidamente identificados, entendemos a situação do jovem e, entendemos estender o braço, sem esperar contrapartida, cientes que estávamos a fazer o nosso papel.
Há coisa de dois anos, depois da recuperação dos edifícios da Centralidade Vida Pacífica, o Presidente da República decidiu atribuir 1. 120 apartamentos ao CNJ (já com Kalunga a liderar a matilha), com vista a congregar os núcleos que compõem esta organização, jovens da sociedade civil, activistas, jornalistas, militares, procuradores, e diferentes instituições que formam os órgãos do titular do Poder Executivo, estavam sinalizados para como principais beneficiários destes bens.
Nesta ordem, recebi o telefonema do colega de profissão, alertando que Kalunga desejava que eu também estivesse na lista. Boa ideia, e aceitei!!
O processo foi efectivado em 2022, quando fomos chamados para assina o contrato. A avença são 50 e pouco mil kwanzas/mês.
O PROBLEMA
Enquanto morador do referido apartamento (prédio), certo dia, me deparei com o segurança, de aproximadamente, 19 anos de idade, em posse de uma AKM, a pesar sobre os braços do jovem. Questionei se sabia onde era a ‘patilha de segurança’, este respondeu que não, que não sabia nada de armas, e estava naquele posto devido a um pedido que o seu pai havia feito a um chefe do CNJ.
Preocupado, procurei o síndico, este respondeu que nada havia a fazer porque a referida empresa que guarnecia os prédios, era imposição do segundo homem do CNJ da província de Luanda, de nome Acácio, e a ele não competia inquerir sobre quem entrava ou saía da empresa de segurança.
Na mesma noite, por volta das 23 horas, liguei ao Kalunga, alertando dos riscos que estes nos proporcionavam. No bate-boca, ele tentou impor a ideia que era ele quem mandava e que eu não podia reclamar de mais nada, até porque eu estava no apartamento graças a benevolência do Kalunga.
Erro crasso, o que ele não sabia, é que eu não beijo a bunda de ninguém, penso com a minha própria cabeça, e o erro era ele (e a sua turma) e não o meu que lhe alertava de tamanha ‘burrice’.
1 ANO de Vida Pacifica (nada zangado)
Na tarde de quinta-feira, 17, através dos meus vizinhos, fiquei a saber que haveria uma festa no prédio, através do primeiro aniversário com chaves nas mãos, e que cada um deveria contribuir com ‘qualquer coisa’. É de leve, e foi feito.
A festa começou por volta das 16horas, eram sensivelmente 20 e poucos, quando eu aterrava no espaço. Educado como sou, dirigi-me a mesa onde estava o grosso dos vizinhos e comecei a cumprimentar um-por-um até chegar a vez do bendito Kalunga.
Este, depois de estender às mãos, sem rodeios, começou a se gabar que eu estava aí por causa do seu bendito favor, que o prédio é da mãe e do pai dele, e que tinha que, pelo menos, se ajoelhar e beijar os pés dele cheios de ‘cholé’.
Quem me conhece sabe que não levo pratos sujos para casa, o problema começa e termina onde começou ou então vamos até às últimas consequências, mas tudo sob responsabilidade de quem acendeu o rastilho.
Depois de mandar um bom ‘p#ta que pariu’, chamei a atenção do líder da juventude que eu não estava inserido no leque de bajuladores que ele alimenta, e que na, se ele tivesse o mínimo de cérebro, era saber a quem ele pediu favores quando estava na fila.
Cargos são passageiros, temperamentos não.
Kalunga, se fosse o mínimo esperto, tinha que saber que não fui eu que ofereci andares com oito apartamentos aos amigos que o cercam e que hoje fazem papel de advogados do diabo.
Em momento nenhum coloquei toda família nos edifícios da pacífica.
Não vendi apartamentos e nem lucro com nada que é do Estado. Se eu fosse ele, ligava ao Osvaldo para pedir desculpas e dizer que estava embriagado devido ao excesso de whisky