Rangel ao avesso: Administrador distrital acusado de criar mercado ilegal onde factura 400 mil Kwanzas por dia
O administrador do Distrito Urbano do Rangel, Pedro Alfredo Kalunga, está a ser acusado por munícipes de ser o principal protagonista de um mercado clandestino, nos arredores do mercado dos congolenses, onde, através de um suposto testa de ferro, identificado como Jorge Magalhães, chefe da fiscalização a nível distrital, orienta os seus funcionários a cobrarem a cada vendedor uma taxa que varia entre 300 e 500 Kwanzas, totalizando cerca de 400 mil Kwanzas dia.
Por: Cambundo Caholua
Numa fase em que o Governo Provincial de Luanda liderado por Manuel Homem decretou tolerância zero à venda desordenada, tendo partido para um programa que visa organizar os mercados urbanos e combater práticas adversas, surpreendentemente, no Distrito Urbano do Rangel, o seu representante máximo é acusado de não seguir essas ordens e criar um mercado ilegal.
De acordo com os denunciantes, quem lidera o esquema é o homem forte da fiscalização do Distrito, Jorge Magalhães, e é por ele que tudo passa. Para além dele, há entre três a quatro meninas que lideram o processo das cobranças.
Elas passam por todos os locais orientados, começando pelo corredor do mercado dos congolenses, passando pela escola da "J", junto à ENDE, até aos arredores da escola da Ginguba e a rua da TURA.
“Quem passa por aí facilmente percebe que aqueles vendedores são praticamente intocáveis pelos fiscais, já que estão aí às ordens da administração distrital do Rangel”, acusaram.
"Isto tem causado muita desorganização naquele corredor, afectando sobretudo os estudantes da escola da JOTA", reclamou um morador que não quis ser identificado.
"Pago diariamente 200 a 300 Kwanzas, dependendo da concorrência", contou uma vendedora de camisas, tendo acrescentado que, às vezes, mesmo quando são corridos, é apenas para disfarçar, alguns minutos depois disso, retomam os seus lugares.
"Estamos tristes com a situação, porque aqui nessa zona do mercado não se consegue passar à vontade, os miúdos não conseguem ter aulas nas melhores condições devido ao transtorno do mercado, onde o senhor administrador acha-se dono de tudo e pela ganância de encher os bolsos a todo custo, faz esse tipo de brincadeira", criticou um morador do Distrito do Rangel.
Ainda sobre as mesmas denúncias, segundo relatos, o administrador Pedro Alfredo Kalunga, junto com o seu testa de ferro, Jorge Magalhães, têm uma pousada nos arredores do mercado, isto num bar, onde, tão logo as líderes das cobranças terminam, recebem o dinheiro produzido durante o dia.
O Na Mira do Crime contactou o administrador do distrito urbano do Rangel, Pedro Alfredo Kalunga, a fim de dar a sua versão sobre as acusações que pesam sobre si.
O responsável começou por dizer que nada do foi dito contra si “é verdadeiro”, acrescendo que existem pessoas de má-fé que o perseguem.
“Se às cobranças que me atribuem fossem verdadeiras, não teria necessidade de combater à venda desorganizada que se regista nos arredores do distrito”, sublinhou. Por outra, Kalunga explicou que há um aparato tanto de fiscais como de agentes da polícia, que trabalham dia e noite, começando às 5 horas da manhã e só terminam no calar da noite para pôr ordem em todas zonas onde há zungueiras.