ALERTA: Peste suína africana mata centenas de porcos no Bengo
Uma doença denominada peste suína africana está a dizimar centenas de suínos no Bengo, dezenas de fazendeiros estão com as mãos atadas e aguardam por uma resposta rápida das autoridades.
Por: Belchior Resende
Mário Martins, fazendeiro, explicou a RNA que os porcos deixaram de comer e estão a morrer de forma assustadora. “Eu tinha a volta de 40 porcos, até a chegada da peste, neste momento restam apenas dois...que mais cedo ou mais tarde vão se embora”, lamentou.
Adelino dos Santos, outro fazendeiro disse que os prejuízos estão na ordem dos 3 milhões de kwanzas. “Tinha mais de 400 animais e todos morreram em duas semanas”, lastimou.
O Bengo é um dos mais fornecedores de suínos da capital do país, sendo Luanda a província com maior consumo da carne, devido a sua densidade populacional.
Ana Maria de Carvalho Sita, responsável do Departamento dos Serviços Veterinários do Bengo, em entrevista a LAC, fez saber que a doença é causada por vírus e é altamente contagiosa, provocando um impacto socioeconómico nas circulações suínas.
“Dada as manifestações clínicas constatadas pelos serviços, podemos aferir que é uma zoonose, que significa que não afecta o homem. Assim sendo, todo o criador que se deparar com este problema, deverá notificar os serviços de veterinária da área onde reside”.
De acordo com a responsável, esta acção é sustentada pela manifestação clínica da doença, como é o caso da elevada temperatura, coloração avermelhada da pele e os órgãos internos em estado hemorrágico.
Doença sem tratamento
Segundo a responsável, a peste suína africana não tem tratamento.
“Foram recolhidas amostras para confirmação laboratorial da doença, que não tem tratamento e uma vez instalada na criação, provoca um elevado número de mortalidade que pode atingir 99 ou até mesmo 100 por cento”.
Peste suína africana (PSA): tudo o que você precisa saber sobre a doença
Altamente contagiosa, ela tem sido observada desde o início do século 20 no sul e leste africano.
A peste suína africana (PSA) é uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus composto por DNA fita dupla, pertencente à família Asfarviridae. A doença não acomete o homem, sendo exclusiva de suídeos domésticos e asselvajados (javalis e cruzamentos com suínos domésticos).
A PSA tem sido observada desde o início do século 20 no sul e leste africano e inicialmente era caracterizada pelos aspectos clínico-patológicos semelhantes à peste suína clássica (PSC). No entanto, posteriormente foi observado que as duas enfermidades são distintas.
A suspeita inicial da enfermidade baseia-se principalmente na observação dos sinais clínicos de doença hemorrágica. Porém, o uso de técnicas laboratoriais, como as moleculares, é imprescindível para a confirmação do diagnóstico.
Quais as diferenças entre Peste Suína Clássica (PSC) e Peste Suína Africana (PSA)?
Ambas são doenças virais graves que infectam o suíno, causando grandes perdas econômicas. Todavia, as doenças são causadas por vírus diferentes. A PSC é causada por um vírus da família Flaviviridae, gênero Pestivirus, de genoma RNA. Já a peste suína africana é causada por um vírus DNA, família Asfarviridae, gênero Asfivirus. As duas doenças são semelhantes clinicamente, sendo necessário realizar diagnóstico laboratorial diferencial.
O Brasil tem um programa nacional para controle da PSC e atualmente grande parte do território é reconhecido internacionalmente como livre de PSC. A PSA já ocorreu no Brasil no final da década de 1970, foi erradicada e atualmente a doença é considerada exótica no país. Tanto o vírus da PSC como o da PSA não causam doença em humanos.