Pobreza extrema: Cresce o número de famílias que recorre ao lixo em busca de comida
São jovens, crianças e até mais velhos de ambos os sexos que nos últimos dias têm recorrido aos resíduos sólidos a procura do que comer. Essa situação mostra a realidade crua e nua em que a pobreza extrema invadiu muitas famílias angolanas em plena capital do País, a nossa Luanda que, durante muitos anos foi considerada a capital mais cara de África.
Por: Patrícia Domingos
O relato vem dos cidadãos residentes na zona dos Mulenvos em Viana, onde se acha o aterro com o mesmo nome.
Osvaldo André, mecânico de profissão, questionado de onde vêm os populares que buscam alimentação no aterro sanitário disse que a maioria dessas pessoas são proveniente das zonas do Capalanca, Cacuaco, Cazenga e outros pontos da capital do país.
Segundo disse, a maior parte do alimento que é recolhido pelos populares são alimentos fora do prazo de validade, como coxas de frango, peixe, frango e outros produtos perecíveis.
“Algumas dessas pessoas recolhem esse alimento para consumo próprio outros são comercializados na zunga, principalmente no período nocturno altura que as pessoas estão aflitas a tentar encontrar algo mais barato para levar à casa”, afirmou.
Pedro Simão, um dos jovens que encontramos a recolher estes alimentos disse que em função das péssimas condições de vida, depende desses alimentos para sobreviver.
“As coisas estão cada vez mais apertadas e não há emprego nem dinheiro. Pedimos ao governo que olhe para nós, porque da maneira que estamos a viver, a recolher comida no lixo para sobreviver parece que deixamos de ser seres humanos. É uma pouca vergonha, num país bastante rico, como Angola, as pessoas viverem nessas condições precárias”, disse.
Aterro sanitário: a fonte de sobrevivência
Osvaldo André, disse que a fome e a pobreza que assola Angola, principalmente a cidade de Luanda, onde se encontra a maior parte da população em função do êxodo populacional, é uma das principais causas que levam muitas famílias aos amontados de lixo para sobrevivência, tendo o aterro sanitário da “ELISAL” se transformado na boia de salvação de muitas famílias face as dificuldades do dia a dia.
“Não há outra alternativa senão virmos aqui procurar o que comer. A vida está cada vez mais difícil, não temos emprego e o governo não resolve a situação da cesta básica. Por isso, enquanto o Executivo não rever essas questões a solução será mesmo continuar a depender dessas comidas estragadas”, adiantou.
De acordo com António dos Santos, “para erradicar a fome e a pobreza o governo precisa primar pelas prioridades do povo, como por exemplo, a abertura de fábricas para possibilitar a dinamização da economia e garantir a auto suficiência alimentar”, explicou, garantindo que, infelizmente, o governo angolano tem feito tudo ao contrário levando o povo a uma insatisfação total e sem precedentes.