Numa altura que o MPLA mede a pulsação da sua governação na região leste do País, a província da Lunda Sul, está há duas semanas sem combustíveis, situação que terá levado ao cancelamento de voos da companhia área Flay, que tinha pelo menos, dois voos semanais. Embora a situação não seja nova, parece estar cada vez pior, se termos em conta que desta vez, ninguém sabe a data da reposição do estoque.

Por: Marlita Domingos

A falta de combustível na cidade do Saurimo está a preocupar a população que, muitas das vezes, é obrigada a pernoitar nos postos de abastecimento para conseguir pelo menos cinco litros.

De acordo com Mutuchila Munongota Daniel, Presidente da organização não governamental Acção Comunitária para o Desenvolvimento de Angola (ACDA), que veio a Luanda para uma formação, garantiu que há sensivelmente duas semanas que Saurimo, província da Lunda Sul, regista escassez de combustível e sem data de previsão para que a situação volte à normalidade.

“Não está a ser fácil para os cidadãos lidarem com essa situação se termos em conta que todos precisamos desse líquido para fazermos as nossas actividades diárias, na medida em que os taxis, as motorizadas e até os geradores de iluminação pública ou dos estabelecimentos comerciais precisam de combustíveis para o seu normal funcionamento”, apontou.

De acordo com Mutuchila Daniel a situação não é nova, por este facto, advoga a uma melhor coordenação entre a Sonangol e o governo da província para que situações do género não voltem a se registar, pois, tem criado vários transtornos não só de ordem social, mas também de ordem económica.

“Não se percebe como é que num país que quer buscar empresários estrangeiros para investirem em solo angolano não consegue colocar algo básico como combustíveis numa determinada região. É preciso sair da letargia e passarmos para uma efectiva acção prática para o almejado desenvolvimento”, notou, sublinhando que isso só será possível caso as autoridades angolanas se empenhem ao máximo na resolução dos problemas básicos que Angola ainda teima em enfrentar, mas que, em outras latitudes há muito tempo deixaram de ser preocupação.

Voos cancelados

Para Juliana Tumba, outra situação que levou os cidadãos a um desespero total, principalmente para quem tinha a necessidade de entrar ou sair de Saurimo, prende-se com o facto do cancelamento de todos os voos da companhia de aviação Flay que tinha duas frequências semanais naquela província.

“Ficamos privados destes voos e muitos de nós tínhamos compromissos em Luanda, uns por questões de saúde, outros por questões laborais e até mesmo familiares foram obrigados a cancelar as suas viagens”, apontou, para depois dizer que, houve mesmo quem, em função da gravidade ou da importância da situação, teve de se submeter a viagem de carro daqueles que ainda tinham combustíveis em estoque, antevendo a realidade da província.

Situação recorrente

A crise de combustível e gás de cozinha na cidade de Saurimo, capital da província da Lunda-Sul, não é nova. Desesperados com a situação, algumas pessoas têm sido obrigadas a deslocarem-se para a cidade do Luena, na vizinha província do Moxico, a fim de obterem os produtos, em quantidades que os permita revender a preços especulativos em Saurimo.

Algumas senhoras que comercializam gás nas ruas chegam mesmo a vender a botija de 12 quilogramas a 4.500 kwanzas. O litro de gasolina no mercado informal varia entre os 400 a 800 kwanzas, dependendo do nível de escassez do produto nas bombas.

Vários cidadãos ficam largas horas em postos de abastecimento de combustível, a espera dos derivados do petróleo que vem de Luanda, a capital do país, mostrando claramente que a governação centralizada atrasa o desenvolvimento de Angola.

A falta de combustível tem prejudicado os comerciantes, que desde o nascer do sol, ficam de plantão nas bombas de combustível e muitas vezes voltam a casa de mãos vazias.

Um pouco por toda cidade, por sinal com poucos postos de abastecimento de combustível, é visível, as filas enormes formadas por viaturas e motorizadas.

De acordo com as nossas fontes, as cisternas que têm levado combustível à cidade do Saurimo, atrasam devido ao avançado estado de degradação de alguns perímetros que liga Luanda a Lunda Sul, num tragcto que pode demorar dois a três dias de viagem.