Combate à Covid-19: Grupo Mitrelli facturou 19 milhões de dólares em três meses
O Grupo Mitrelli, um conglomerado empresarial de origem israelita que se estende por diversos sectores (telecomunicações, agricultura, saúde), foi o principal fornecedor do Estado angolano no combate à Covid-19 durante o último trimestre de 2020.
A empresa facturou cerca de 19 milhões USD (12,4 mil milhões Kz) em dois contratos. O grupo entregou ao Estado dois hospitais de campanha, com 200 camas cada, por 10,6 mil milhões Kz, valor que representa 51% da despesa total do Ministério da Saúde no último trimestre de 2020.
A mesma entidade, desta vez por intermédio de uma subsidiária, a Yapama Saúde, também forneceu testes para a Covid-19 por 1,8 mil milhões Kz, valor que representa 12% da despesa executada pelo Ministério da Saúde no último trimestre de 2020.
Os cálculos do Expansão basearam-se nos relatórios do Ministério das Finanças e na taxa média de câmbio do Banco Nacional de Angola no período em análise.
Entre as restantes aquisições ou financiamentos, 3,2 mil milhões Kz (21% da despesa total atribuída ao Ministério da Saúde), foram destinados à aquisição de camas, almofadas, colchões, lençóis e outros materiais fornecidos pela Vulcano Investimentos. Noutro contrato, a aquisição de material de biossegurança à C&D Products (com origem em Hong Kong) consumiu 1,8 mil milhões Kz.
Empresário israelita é o que mais “factura” com COVID-19 em Angola
O novo centro para tratamento de doentes com coronavírus, inaugurado recentemente pelo Presidente da República, foi equipado pelo influente empresário israelita Haim Taib.
A unidade especializada é fruto de um investimento da petrolífera estatal Sonangol, de três mil milhões de kwanzas (4,5 milhões de euros), localizada no município de Viana, em Luanda.
A infra-estrutura é uma extensão da clínica Girassol, tem capacidade para 91 camas, 30 das quais para doentes em estado crítico.
Taib é um empresário que detém vários investimentos em Angola e tem fortes ligações com políticos desde o tempo de José Eduardo dos Santos. Neste período de pandemia, já forneceu vários serviços ao Ministério da Saúde, incluindo testes de COVID-19 e material de biossegurança.
Segundo as nossas fontes, é o empresário com maior influência junto da Comissão Interministerial de combate ao COVID19.
Desde que a COVID-19 afectou Angola, o empresário Taib já facturou com a prestação de serviços ao governo, cerca de 20 milhões USD.
No entanto, vários empresários desconfiam que o empresário israelita esteja a ser usado apenas pelos membros influentes da comissão interministerial para lavar dinheiro.
Num momento em que no mundo inteiro empresários mobilizam fundos privados para doarem aos governos para combater a pandemia, em Angola, um pequeno grupo de empresários ligadas à elite política, continua a fazer milhões a custa deste mal que afectou o mundo.
Dos seus negócios destacam-se na saúde, o Luanda Medical Center, Yapama e outros no ramo das telecomunicações, fornecendo ao Estado sistemas de vigilância activa para forças militares e serviços de informações, através de uma outra empresa, a Geodata.
É responsável pelos projectos Aldeia Nova e Aquafish (de pescas) e ainda no sector das água e saneamento, opera através da empresa Owini, parceira do Ministério da Energia e Águas.
Haim Taib, é presidente do grupo Mitrelli criando no princípio da década de 2000, que teve como actividade principal, fornecer equipamentos de segurança aos serviços de inteligência de Angola. Segundo a Confidence News
Combate à pandemia consome 316 milhões USD num ano, 79% do previsto
No espaço de um ano, as medidas implementadas pelo Governo no combate à pandemia representa uma despesa de mais de 316 milhões USD (195.265 milhões Kz), segundo os relatórios de execução orçamental. No total, foram previstas despesas de 400 milhões USD e executados os referidos 316 milhões USD, entre Abril de 2020 e Março de 2021.
Ao analisar a estrutura de despesas, verifica-se também que cerca de dois terços (67%) dos gastos totais foram executados em apenas duas rubricas: "Material de consumo corrente especializado", com mais de 72 mil milhões Kz e "Aquisição de máquinas, equipamentos e ferramentas" (mais de 57 mil milhões Kz).
A rubrica "Material de consumo corrente especializado", apurou o Expansão, diz respeito a todos os meios que são consumidos em contraste com "os meios fixos" (como os equipamentos, por exemplo).
No caso da Covid-19, a descrição refere-se a máscaras, barretes, aventais (de uso único), álcool-gel, antisépticos ou desinfectantes, seringas e agulhas, algodão e material similar.
C/Expansão/Mercado