BAIXA DE PREÇOS: População acusa comerciantes de baixarem apenas os preços de carcaças de aves e ossos de porco
Gerou—se muita expectativa, na segunda quinzena de Outubro, à volta da uma medida do Executivo que visa baixar o Imposto do Valor Acrescentado (IVA) de 14 para 7 por cento e, na sequência disso, reduzir os preços dos produtos da cesta básica.
Por: Lito Dias
A população aplaude a medida que diz surgir "muito tarde", tornando—a, por isso, "irrealista" por surgir em fase da pré—campanha eleitoral.
A previsão é de, até Janeiro, os preços baixarem consideravelmente devido a redução do IVA, um imposto cuja implementação gerou polémica no parlamento e na sociedade angolana, por haver aqueles que defendiam a sua redução substancial, para não empobrecer ainda mais as famílias angolanas.
Embora já se apregoe que os preços dos bens essenciais já estão baixar, a verdade é que qualquer alteração que se verifique, nessa altura, não tem impacto directo no bolso do cidadão porque "os preços tinham subido demais".
Para além disso, em alguns estabelecimentos comerciais, tudo continua na mesma.
O NA MIRA DO CRIME foi a alguns mercados como do Catinton, 30, e do Calemba 2, e constatou que os preços de alguns produtos do campo, como verduras e legumes registaram uma ligeira queda, mas o óleo alimentar, arroz e frescos resistem a essa tendência.
"Aqui no Calemba 2, no preço habitual do frango, coxa, peixe, fígado, entrecostos, carne, só tiraram lá 500 kwanzas", revela Ruth Augusto, uma vendedora que, num tom de repulsa, expôs alguns esquemas adoptados pelas casas de frescos, onde "toda exploração começa".
"Os produtos de qualidade são guardados para quem puder pagar mais, para além do preço oficial", descortinou, acrescentando que os únicos produtos que não são passíveis de esquemas são carcaças e pescoços de aves e ossos de porco que, em condições normais, não deviam ser vendidos.
"O governo devia fiscalizar a qualidade dos produtos que os empresários importam, porque essa coisa de os armazéns de frescos estarem repletos de ossos, não ajuda o cidadão", aconselhou dona Marta que vai mais longe: essa canção de que os preços vão baixar até Janeiro tem de passar dos discursos para a prática, e não apenas como forma de angariar o nosso voto.
Para ela, o Estado deve criar uma cadeia alimentar que funciona mesmo, de formas a acabar com a fome que assola todo país.
À semelhança do que já se verifica noutros mercados e armazéns, no Calemba 2, o fenómeno 'sócia' está na ordem do dia. Ou seja, porque o dinheiro não chega para comprar grande quantidade de alimentos, duas ou três famílias juntam dinheiro para conseguir comprar uma caixa de coxa de frango ou de um outro produto e, depois, repartem.
"É preciso fazer sócia de acuçar, arroz, frango, omo, peixe... quase todos os produtos, porque ninguém está em condições de, sozinho, comparar caixas, como era no passado", enfatizou Otília de Jesus.