Militante “anti-bala” da UNITA morre atingido com uma granada do peito
A marcha de militantes da UNITA, na cidade de Benguela, cujos organizadores pretendiam "solidarizar-se com a realização XIII congresso ordinário e com a eleição do presidente do partido", enfureceu os efectivos da polícia que traçaram um itinerário que alegadamente não foi cumprido.
Por: Lito Dias
Segundo testemunhas, a repressão policial só não fez mais vítimas mortais porque "os bocoistas" não deixaram que acontecesse.
Geralmente, naquela região do país não é tabu falar-se de militantes anti-balas. Ou seja, aqueles militares que durante o tempo de guerra blindavam-se para evitar que balas inimigas os atingissem.
Terminada a guerra, alguns desse militares, maioritariamente da UNITA, na reforma, continuam a ostentar esse poder supersticioso para defesa pessoal e familiar.
No passado dia 11 do mês em curso, na marcha da UNITA, viu-se, mais uma vez, esse poder a ser posto à prova.
Não se sabe exactamente o que motivou alguns agentes da polícia a fazer disparos com balas verdadeiras, certo é que essas balas não atravessavam o cordão defensivo constituído por homens "bocoistas", oriundos maioritariamente do município do Bocoio.
Apercebendo-se disso, começaram a recolher todas as munições que eram disparadas contra si, que agora devem servir de provas, o que levou alguns efectivos da Polícia de Intervenção Rápida a recuarem.
"Quando viram que estávamos a recolher todas as munições, eles sentiram medo e recuaram, porque eles sabem que se persistissem a disparar contra nós devolveríamos todas as balas provocando danos incalculáveis", revelou um dos "anti-balas".
Segundo apurou o NA MIRA DO CRIME, esses homens que se assumem não serem de barro, não são organizados pelo partido UNITA, mas, em pequenos grupos, vão se predispondo a fazer parte do grupo do asseguramento de actividades políticas tanto da UNITA como, nalguns casos, também do MPLA.
Mas nem tudo corre como programado. Eugénio Pessela, militante que acabou por morrer depois de ser atingido por uma granada de gás lacrimogéneo, fazia parte desse grupo de asseguramento, mas algo terá dado errado para ser atingido.
Histórico pesado
Quando até 2012 estavam na baila actos de intolerância política, em Benguela, com ênfase nos municípios da Ganda, Balombo e Bocoio, já os jornalistas confrontaram-se com o "major anti-bala" que, durante uma conferência de imprensa confessou que era capaz de repelir qualquer tipo de munição, mas essas revelações não foram divulgadas, por não serem comuns em abordagens noticiosas.
O major que falava depois do assassinato do professor Cicaleta, militante da UNITA, no Bocoio, disse que só não foi também atingido porque, na verdade, era anti-balas e desafiou as autoridades a testarem-no.