Angola Telecom ameaça trabalhadores que aderirem à greve
Angola Telecom está a ser acusada de ameaçar trabalhadores que aderirem à greve, numa altura em que estes dizem estar a cumprir a lei.
Por: Carla Nayara
Segundo um funcionário que pediu anonimato, a entidade empregadora não está a ser séria nas suas abordagens, porque apesar do caderno reivindicativo espelhar as razões da greve, a empresa tomou uma posição de arrogância.
"Nós estamos a agir com base na lei 23/91", socorreu-se, revelando o tipo de sanções para os grevistas.
"Os trabalhadores grevistas arriscam-se à medidas disciplinares e criminais", vincou.
O caderno reivindicativo foi entregue em Outubro de 2021, mas segundo os funcionários, a entidade empregadora não respondeu de imediato.
"Passou-se um mês e depois pediu moratória, a ordem sindical deu essa moratória e o empregador não cumpriu", denunciou, acrescentando que os trabalhadores em sede de Assembleia Geral decretaram greve, anunciada para dia 27 e, na sequência do anúncio, o empregador reuniu nos dias 21 e 23 de Dezembro de 2021, o que resultou em acordos.
No referido acordo, o empregador dizia não ter condições para responder em Dezembro, mas deveriam aguardar 05 meses, divididos em duas partes, numa altura em que a greve já estava marcada para o dia 27 do mês.
Fruto do acordo, a greve foi suspensa "com base na boa fé".
"Em Fevereiro, pedimos acréscimo salarial de 50% para todos os trabalhadores que ganhavam abaixo de 100 mil, e 20% para quem auferia um pouco mais", informaram, associando a essa exigência a assistência médica e medicamentosa, para além de lamentarem os atrasos salariais, devido aos quais os funcionários têm questões por acertar com os bancos e contas com os colégios.
"Não compreendemos que, com essas preocupações todas, os patrões têm o descaramento de ameaçar os grevistas com despedimentos", observou, referindo que com a nova direcção, as coisas pioraram.
Cansados com promessas, os trabalhadores da Angola Telecom decretaram greve para esta terça-feira, 21, e dizem não sentir medo das ameaças.