Marginais colocam à prova segurança pública e matam dois polícias em menos de uma semana
Dois agentes da Polícia Nacional foram alvejados mortalmente por marginais, em menos de uma semana, na capital do País, Luanda, deixando em cheque toda a investida que tem sido feita por parte da corporação, para segurança pública.
Por: Osvaldo de Nascimento
Os efectivos, em abono da verdade, há muito que reclamam por melhores condições de trabalho, que passam por coletes à prova de bala, armas sofisticadas, meios rolantes em condições, consideração por parte das chefias, alimentação, melhor acomodação nos comandos, principalmente nas esquadras, onde os agentes da ordem são praticamente atirados a própria sorte.
A morte de dois polícias, em menos de sete dias, em Luanda, deve chamar atenção a quem de direito, da urgência de equipar os efectivos com todos os meios necessários, para um asseguramento efectivo da vida de todos os angolanos.
Os agentes de Ordem Pública, que são os mais expostos, uma vez que estão nas ruas devidamente identificados, são, na verdade, a camada da polícia mais ‘abandalhada’.
Mendigam quando podem, porque são colocados nos postos, às vezes sem comer nada. Na mesma ideia, muitos deles, ou todos, já que ganham quase pouco ou nada, saem das suas casas e deixam os filhos e mulheres na mesma condição. Esfomeados. Trabalham sem motivação.
Sendo o garante da família, às vezes, são brindados com os casos que nos deram a ver os jovens Julião Jercy Caquinda Rodrigo, de 28 anos de idade, assassinado a tiro no sábado, 24, no município de Cacuaco, e agora, o agente António Manuel José, colocado no Comando do Kilamba Kiaxi, ferido mortalmente com tiro na cabeça, também, por marginais que, quando em acção, actuam com força e com material de guerra, apanhando os polícias de surpresa.
É altura do Comandante-geral, Arnaldo Carlos, arregaçar às mangas e mostrar para que fim a Unidade de Reacção e Patrulha foi criada.
Fardas novas custaram milhões aos cofres do Estado, mas, a pergunta é: Apostaram no homem? No bem-estar social e psicológico do agente? Quantos mais polícias terão que ser assassinados para que os Subcomissários, Comissários, Comissários-chefes e Gerais entendam que polícia não é só andar nos V8? Que não apenas os cafés nos ombros ou as pordens castrenses que interessam? Que há vida humana para além da farda e da Polícia?
Há, entre vocês polícias, uma linha muito importante e bastante vulnerável, e esta chama-se Ordem Pública.