Retaliação na Angola Telecom: Trabalhadores impedidos de voltar ao trabalho após suspensão da greve
Depois de terem suspendido a greve de cerca de três meses, no passado dia 30 de Setembro, os trabalhadores da empresa Angola Telecom E.P. acusam o Conselho de Administração de não cumprir com o memorando assinado no último encontro, na sede da IGT, no qual ficou rubricado a suspensão da greve dos trabalhadores e o aumento do salário até 50%, dos quais, de forma sequencial, 10% na primeira fase.
Por: Alfredo dos Santos Talamaku
Mais do que isso, os trabalhadores alegam estar a ser impedidos de regressar aos seus postos de trabalho.
O sindicato adianta tratar - se de uma medida de retaliação aos grevistas.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações de Angola, Lourenço Afonso, em entrevista exclusiva ao NA MIRA DO CRIME, a empresa conta com 889 trabalhadores a nível nacional, dos quais o Sindicato de Luanda controla cerca de 400 funcionários.
Do Caderno Reivindicativo apresentado ao Conselho de Administração, sob presidência do Engenheiro Adilson Santos, destacam - se como base: o pagamento dos salários a tempo, uma vez que, os salários chegam a ser pagos em datas avançadas, ou seja, no décimo quarto dia após o fim de cada mês; o aumento do salário na ordem dos 50%; o aumento do subsídio de alimentação passando de mil Kwanzas para os cinco mil Kwanzas diários.
"Os funcionários não têm descontos para o INSS regularizados, por conta disto, temos colegas com 60 anos de idade que não vão à reforma, caso aconteça, o trabalhador vai para casa sem um tostão; eles não nos valorizam como seres humanos", lamentou.
O Sindicalista fala ainda da falta de condições de trabalho, alegando que os funcionários que dispõem de viaturas particulares são obrigados a usarem as mesmas para a prestação de serviços da empresa, caso contrário, pesa-lhe uma avaliação negativa.
"Não se entende as razões que levam os trabalhadores a largarem os postos de trabalho às 17 horas, quando as outras empresas, até as 15 horas e 30 minutos estão liberados", reflectiu.
Os trabalhadores acusam também a empresa de desfazer - se do antigo regulamento interno que salvaguardava satisfatoriamente os funcionários; mas desde a tomada de posse do novo Conselho de Administração o regulamento passou a beneficiar apenas os membros de Conselho.
Este jornal apurou que recepção dos trabalhadores está a ser feita de forma selectiva.
Os não admitidos apenas devem marcar a presença no local de trabalho para assinar o livro de ponto.
Muitos seleccionados a voltar são transferidos para outros locais, mas na condição de estagiários.
Recentemente, 11 elementos afectos à empresa foram notificados para serem despedidos, o que cheira à retaliação por parte do empregador.