Clínica Maria Ricardina acusada de extorquir perto de um milhão de Kwanzas a um paciente
A clínica Maria Ricardina, localizada no distrito da Samba, rua Heróis do Mar, Zona 3, está ser acusada de ter cobrado cerca de um milhão de Kwanzas, de forma injusta, pela família de uma cidadã que atende pelo nome de Ketsia dos Santos, de 32 anos de idade que, no dia 27 de Maio, por volta das 13 horas, deu entrada naquela unidade hospitalar privada.
Por: Cambundo Caholua
De acordo com o primo da vítima, António Diogo, de 34 anos de idade, tudo começou quando Ketsia dos Santos acompanhada pela família, acorreram até à clínica Maria Ricardina, isto é, no mês passado.
Tão logo chegaram, foram atendidos pela doutora Valentina Moniz, uma médica de nacionalidade cubana.
Diogo explica que a sua prima dada a complicação da diabetes entrou em depressão e revelou à médica em serviço que estava grávida.
A doutora Valentina disse à família que seria necessário fazer a primeira medicação no valor de 60 mil Kwanzas e, posteriormente, fazer vários exames.
A médica nem se preocupou em orientar um teste de gravidez à paciente e, de repente, sem ter certeza do quadro clínico da doente sem dar o real resultado dos exames feitos, exigiu o pagamento de 200 duzentos e 78 mil Kwanzas, com pretexto de que Ketsia estava muito grave e que teria que entrar de imediato para a UTI, onde ficaria por 24 horas e lhe seria aplicada uma insulina.
Desesperada, a família não hesitou em pagar o valor exigido, mas acredita que não havia necessidade de Ketsia dar entrada na UTI.
"A médica queria tirar proveito da situação, dada a fragilidade em que a família se encontrava", apontou.
Quando se pensava que os pagamentos tinham terminado, a família foi surpreendida com a decisão de internar a paciente mediante o pagamento de mais 400 mil Kwanzas.
Antes, já havia pedido 72 mil kwanzas ao esposo da paciente sem o resto da família se aperceber, alegando que seriam adicionados ao primeiro pagamento que já havia sido feito para que a Ketsia entrasse na UTI.
A família não concordou em dar os valores que a mesma voltou a pedir, porque viam que durante os dias que estavam na clínica, Ketsia não apresentava melhorias, mas apesar disso a doutora não parava de pedir dinheiro com vários pretextos.
Isto fez com que eles questionassem a médica sobre a evolução da paciente, porém esta nunca deu um esclarecimento plausível.
O que ela queria fazer, acusam, era apenas extorquir mais dinheiro, apresentando um quadro grave da paciente e condicionar a evolução ao pagamento de mais dinheiro.
Depois de três dias na clínica, conforme disse uma das enfermeiras, sem saber qual é alimentação adequada para uma doente com diabetes, deu arroz com feijão à paciente, o que complicou o quadro clínico da Ketsia e posteriormente a glicemia alterou.
Assim que a doutora Valentina percebeu da gravidade da paciente, assustada, accionou a família alertando que Ketsia seria transferida imediatamente para um hospital de referência, Josina Machel, onde prosseguiria com as consultas com maior cuidado.
Para o susto dos familiares, a médica "cobradora" apareceu outra vez cobrando um valor de 100 mil Kwanzas para o aluguer da ambulância, alegando que estavam a cobrar o respectivo valor, porque a ambulância tinha oxigénio, o que, na prática, era mentira.
"Para a nossa surpresa e de alguns familiares, a própria ambulância não tinha oxigénio e a paciente não necessitava de soro no momento", revelou, concluindo que era mais uma forma "da doutora Valentina nos tirar mais algum dinheiro".
Como a clínica Maria Ricardina não submeteu um teste de gravidez à paciente, não conseguiram dar a guia médica que eles seguiram para medicar a doente e, na transferência, colocaram apenas que ela está grávida e com a diabetes altas.
Tão logo chegaram ao Hospital Josina Machel, detectaram que Ketsia não estava grávida.
"Por essa injustiça, a família acusa a clínica por ter extraído esses valores que rondam os 700 mil Kwanzas e não houve melhorias da referida doente, apesar disso a médica ainda tentou extorquir mais outros 400 mil Kwanzas", descreveram.
A família presume que a médica agiu de má fé e demonstrou falta de profissionalismo, sem conduta aceitável para uma profissional de saúde que jurou salvar vidas.
Clínica abre inquérito para averiguar
O NA MIRA DO CRIME contactou a Clínica Maria Ricardina a fim de esclarecer as acusações que foram feitas, sobretudo da sua profissional, a médica Valentina Moniz e sua equipa que trabalhou durante os dias que a paciente se encontrava internada.
Segundo Petelson Gomes, assessor jurídico da Clínica Maria Ricardina, está em curso um inquérito interno, e tão logo termine, será chamada a equipa que esteve em serviço.