NOTA NEGATIVA: Arrogância e prepotência de Homem aumenta o sofrimento do povo
O que se passa afinal? Qual a intenção do Governo Provincial de Luanda ao querer “brincar” ao “gato e rato” quando está em jogo a vida dos cidadãos, que sofrem pelos apertos impostos pela carência de produtos da cesta básica e pelo drástico aumento de preços dos bens alimentares em geral? Eis a questão, que constitui a Nota Negativa da semana!
Por: Na Mira do Crime
Quando o Governo Provincial de Luanda (GPL), liderado por Manuel Homem, tomou a decisão de acabar com a venda desordenada de diversos bens por todos cantos, recantos, largos e demais recintos de Luanda, salvo algumas excepções, a sociedade aplaudiu a medida e incentivou para que a mesma seja concretizada, para bem da província, principalmente da cidade, que é a capital e o rosto do nosso país, mas também dos seus habitantes e não só.
Aqui mesmo, esta coluna fez eco desse contentamento e agraciou o facto com uma Nota Positiva ao GPL e ao governador Manuel Homem.
A sociedade acreditou que, quando o governo toma uma decisão desse calibre, já teria pesado, exaustivamente, todos prós e contras, bem como teria preparado as condições que se impunham para que a operação decorresse a contento, sem prejudicar em demasia as pessoas, com destaque para aquelas que têm na venda de produtos pelas ruas o seu ganha-pão.
Neste aspecto, as autoridades garantiram, alto e a bom som, que os vários mercados da capital “estão prontos” para receber as chamadas “zungueiras” e que em cada município, de Luanda, estão igualmente a ser preparados espaços e/ou mercados para albergar todos quantos queiram fazer o seu comércio, de forma ordenada e conveniente, com a vantagem desses locais serem mais próximos das suas áreas de residência.
Como medida preventiva, foram encerrados os armazéns em que, geralmente, as vendedeiras (zungueiras) compram os produtos que depois revendem nas ruas, incluindo defronte dos próprios armazéns, constituindo aglomerados de gente que dificulta a vida de quem circule naquelas zonas, entre outros constrangimentos.
Tudo isto aconteceu quase que em simultâneo com a subida do preço da gasolina. Pensava-se que o encerramento dos armazéns seria uma medida breve, apenas para “desmantelar” as ditas pracinhas em cima dos passeios, em frente dos estabelecimentos, nos largos, etc, porque já estava “tudo preparado”, como se insinuou, mas os dias foram passando e, como já se esperava, ao mexer-se no combustível, como que por magia, tudo começou a encarecer.
Juntando-se a tudo isso, o encerramento indeterminado dos armazéns, que não abastecem só as “zungueiras”, mas toda uma rede comercial diversa que se estende por todo país e que se ressente também da situação, há escassez de produtos da cesta básica no mercado em geral e os preços dispararam imediatamente, duplicando mesmo em alguns casos, sem contar que os muitos comerciantes aproveitadores, donos de lojas e cantinas, estão a vender mercadoria descartada, fora do prazo e imprópria para consumo humano, que em vez de destruída tem sido escondida para ser vendida sorrateiramente e em momentos como o que agora se vive.
Assim sendo, diante da desenfreda especulação aos preços e venda de produtos impróprios para consumo, a Autoridade Nacional de Inspecção Económica e Segurança Alimentar (ANIESA), na quinta-feira (15) de manhã, depois de um encontro com os empresários, autorizou a reabertura dos armazéns, no sentido de aliviar a situação que aflige a população.
Porém, o contentamento foi “sol de pouca dura”, porque logo de seguida, funcionários do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado do GPL apareceram e, entre ameaças de detenção e de aplicação de multas avultadas, voltaram a mandar encerrar os estabelecimentos e selaram as portas.
A partir daí o assunto tomou contornos de uma “brincadeira de muito mau gosto”. Um manda fechar armazéns, depois vem outro manda reabrir e volta a vir o anterior mandar fechar novamente, para desespero dos cidadãos.
Atendendo que tanto o GPL como a ANIESA (órgão do Ministério da Indústria e Comércio) são entidades do Estado, o normal seria que, em relação a todo este imbróglio, se concertassem primeiro e encontrassem a melhor forma de resolver o problema, em vez de se “degladiarem” como o fizeram, alimentando especulações e gerando dúvidas e insatisfação na sociedade em geral. Se por um lado a ANIESA atendia aos clamores do povo, surgiu um homem tão Manuel que quis mostrar que, independentemente da fome do povo, ele manda e desmanda em Luanda.
Sendo o GPL que governa e dita as ordens em Luanda e a ANIESA um órgão do Ministério da Indústria e Comércio, nele representado por um gabinete provincial, não se entende a razão do diferendo com o GPL a querer demonstrar que é o “mandão” que tudo pode.
A actividade inspectiva da ANIESA é da maior importância para o país, principalmente pelos numerosos impostores, empresários e comerciantes de má-fé que proliferam pelo país, vendendo às populações “gato por lebre”, pondo em perigo a saúde pública e a vida de milhões de angolanos.
A vontade do GPL querer melhorar Luanda nos vários aspectos negativos que se arrastam ao longo dos tempos é a todos os títulos louvável.
Porém, não basta querer, tomar medidas musculadas sem um plano director, com teorias atabalhoadas, promessas enganadoras, em vez de encarar a realidade tal como é, primando sempre pelo bem-estar dos cidadãos e pela vida humana.
Não é de bom tom que, mesmo diante do clamor das famílias, das pessoas carentes e sofridas, o Governo Provincial de Luanda, ou o seu governador, entre outros responsáveis, prefiram a arrogância, a demonstração de que “podem e mandam”, em vez da lucidez de espírito, da coerência e do amor ao próximo.
Luanda é e será Luanda com gente saudável física e espiritualmente. Caso contrário vão governar zumbis!!!