Maltratos em empresas estrangeiras - Força Sindical Angolana acusada de não dizer a verdade ao MAPTSS
Teresa Rodrigues Dias, Ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) está a ser enganada por Cléofas Venâncio, Presidente da Força Sindical Angolana, e Domingos João Luís, Secretário Geral. A denúncia vem dos associados, agastados com a forma como estão a ser alegadamente "maltratados e escravizados" pelas fábricas e empresas de construção de chineses, indianos, eritreus e ruandeses.
Por: Kiamukula Kanuma
Os Sindicalistas denunciantes recorreram ao Na Mira do Crime para acusarem Cléofas Venâncio e João Luís, Presidente e Secretário Geral da Sede das Centrais UNTA-CS, FSA-CS e a CGSILA, respectivamente, pelo facto de supostamente arquitectarem “teatro”, aquando da visita à instituição de Teresa Dias, Ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, em Fevereiro último, em que não foram capazes de apresentar o quadro real dos trabalhadores angolanos.
"Eles fizeram passar a imagem de uma parceria social sólida entre as centrais e o MPATSS, quando está longe de acontecer", asseveraram.
Consideram que a visita de Teresa Dias seria uma boa oportunidade da direcção sindical levar Teresa ministra a perceber que o seu pelouro não goza de boa saúde.
Aliás, nos mandatos anteriores, nunca teve a veleidade de visitar os sindicalistas; e sempre que estes solicitassem um encontro, delegava Pedro Filipe, o seu Secretário de Estado.
Entretanto, tais encontros, não passavam disso mesmo; serviam apenas para enriquecer os balanços anuais.
Dizem que Filipe, ao se confrontar com questionamentos sobre o destino das verbas cabimentadas às centrais, passava e ainda passa "uma imagem falsa", numa altura em que só ele domina o assunto. Aliás, o ministério tem oferecido viaturas aos dirigentes das centrais sindicais como forma de acomoda-los e relegarem as reivindicações dos trabalhadores para segundo plano, se não mesmo ao esquecimento.
"Se não concordarem com o MAPTESS, podem não ser contemplados na próxima oferta de viaturas, assim como podem deixar de receber dinheiro", dizem ser nestes termos que o ministério supostamente tem chantageado os sindicalistas.
Demonstrando o azedume nas relações entre as duas partes, os sindicalistas apontam o dedo acusador a Cléofas Venâncio e Domingos Luís que estariam "engordar" com as verbas cabimentadas, em reunião com a Ministra Teresa Dias.
Foi nessa reunião onde, segundo os acusadores, Cléofas, Presidente da Força Sindical teria garantido que os sindicatos estão bem e não têm nenhum problema.
O quadro real mostra que, nas fábricas e empresas de construção civil chinesas, indianas, eritreas, ruandeses, os trabalhadores angolanos estão a ser agredidos e a morrerem aos olhos do empregador.
A imprensa tem reportado muitos casos, mas nenhuma mudança substancial tem se verificado.
Os sindicalistas reconhecem que o Estado, muitas vezes, não intervém porque os dirigentes das centrais sindicais passam a imagem de estar tudo bem; "o que não é verdade".
"Eles passam uma imagem surreal com interesses inconfessos, em prejuízo da camada vulnerável, disseram.
No entanto, Cléofas Venâncio disse não ter ficado surpreendido com as acusações.
"Já consigo perceber de quem são as falsas declarações; trata-se da equipa cessante que dirigiu a Força Sindical Angolana por sete anos e que foi derrotada em 2020, por maioria absoluta", explicou.
Confirmou terem reunido com a Ministra Teresa Dias, que disse ser uma pessoa afável, de fácil relacionamento e comunicativa.
"Reunimos, sim, aqui no Sindicato, no Ministério, em algumas províncias e tivemos um encontro com o Presidente da República e com várias organizações internacionais", relatou.
"Um destes colegas derrotados, fiz dele meu secretário adjunto, mas não participa das reuniões; se na base há problemas, cabe a ele levar essa preocupação ao topo, e este reportar à Ministra. Quanto aos maltratos, confirmou existirem, sobretudo em fábricas de expatriados, "nas petrolíferas, nas minas, nós estamos a trabalhar nisso, só que os resultados não são imediatos".
"Tenho quase a certeza de que não disseram que estão a responder em tribunal por difamação e calunia. É óbvio que não, nas na terça-feira 23 foi a primeira audiência, eles vão ter que provar o que dizem", rematou.