Polícia acusada de torturar cidadão e abandoná-lo no hospital com braço e perna partidos
Um cidadão que responde pelo nome Luís Manuel Jorge, de 42 anos de Idade, encontra-se acamado, em casa, com a perna direita e o braço esquerdo quebrados, em resultado de uma tortura por parte de agentes da Polícia Nacional, destacados na esquadra do Makuia, município de Belas.
Por: Alfredo dos Santos Talamaku
Segundo a vítima, tudo começou quando por volta das 17 horas do dia 28 de Setembro do ano em curso, recebeu uma ligação telefónica a partir da esquadra em referência, por se ter desentendido com a senhora Conceição Miguel, com quem vivia no bairro Makuia, na qualidade de segunda esposa.
"No momento da briga, alguém terá se deslocado à esquadra a informar que eu estava a brigar com a minha esposa; recebi uma ligação telefónica a exigir que eu chegasse à esquadra, mas como era noite, prometi fazer-me presente na esquadra no dia seguinte", contou.
Passados poucos minutos, recordou Luís Manuel, apareceram seis agentes policiais que invadiram a sua residência e partiram logo para agressão.
"Eram seis: um entrou pela janela e os outros dois pela porta, enquanto os restantes ficaram na viatura, e, sem mais nem menos, começaram logo a bater em mim com as armas de fogo, fui algemado e me meteram na viatura, onde continuaram com a tortura", disse.
"Posto na esquadra, só voltei à consciência porque eles pegaram numa mangueira de água e começaram a me molhar, numa altura em que a perna e o braço já estavam quebrados. E quando notaram que voltei ao normal, um dos agentes pegou em uma pá e começou a me torturar também; foi duro, eu gritava, mas não teve piedade de mim, sangrei pelas narinas e pelos ouvidos", frisou.
No dia seguinte, isto é, sexta-feira, 29 de Setembro, foi levado à uma unidade hospitalar privada na zona dos Ramiros, no Benfica, mas dado o estado grave em se encontrava a equipa em serviço negou em recebê-lo.
"O comandante da esquadra orientou que eu fosse levado ao hospital, mas o primeiro centro de saúde negou. Então, levaram-me para o hospital Geral de Luanda, na Camama, e fui abandonado nas mãos dos médicos", narrou dando graças à Deus por terem feito a assistência e, no dia seguinte, lhe foi dada a alta.
De volta à casa, da esposa com a qual teve o desentendimento, recordou que, o quadro clínico piorou e foi obrigado a voltar ao hospital, com a ajuda da primeira esposa, residente no bairro da Boa- Fé, município de Viana.
De imediato, foi submetido a uma intervenção cirúrgica na perna devido ao estado desagradável em que se encontrava a ferida.
Luís Manuel decidiu terminar a relação conjugal com a segunda esposa e encontra-se acamado na casa da primeira esposa, que lamenta sobre o sofrimento que tem enfrentado no dia-a-dia por ter o chefe da família acamado.
"A polícia devia apoiar no tratamento dos ferimentos e sustento das crianças, estamos a passar por necessidades; por vezes, não faz os curativos por falta de apoio e a ferida está a piorar, precisamos de ajuda, por favor", rogou.
Segundo uma fonte ligada ao Comando Municipal de Belas, a situação de agressão do senhor Luís Manuel pelos agentes da esquadra do Makuia, já é de domínio daquele comando, e foi instaurado um processo de averiguação.
Avançou ainda que a vítima estava em estado de embriaguez no momento da sua detenção, e não conseguia controlar os ânimos.
"O senhor estava embriagado e agrediu os agentes da polícia, posto na cela, batia com a perna na porta, facto que resultou num fermento grave", disse.
A fonte disse ainda que o lesado já recebe assistência por parte do comando municipal, tanto alimentar como medicamentosa.