Quem sai e quem entra? - 'Pente fino' do INAARES pode desactivar 60 por cento das instituições do ensino superior
O Ministério do Ensino Superior Ciências Tecnologia e Inovação, através do Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior “INAARES” está a efectuar inspecções nos Institutos de Ensino Superior a nível nacional. A bateria de exigências que se impõe pode reduzir em 60 por cento o número de Institutos para dar lugar a novos Institutos cujos proprietários têm um empurrãozinho do ministério de tutela.
Por: Kiumukula Kanuma
Hilário Gomes e Mateus Cafusa são alguns dos Inspectores do INAARES, que estão a passar a pente fino os Institutos de Ensino Superior no município de Viana, Distrito do Zango.
Na bagagem levam uma lista de mais de 15 itens de exigências, desde as qualificações para exercer o cargo de presidente dos Institutos à vistoria dos assuntos académicos, como o cerne da actividade, adverte Hilário Gomes chefe da equipa.
"Saber como funciona as direcções dos Recursos Humanos foi o ponto de partida, saber da existência ou não do departamento de gestão de qualidade, checar as avaliações através de relatórios, saber dos diplomas dos cursos, o despacho que nomeia a comissão de acesso às admissões, a publicação de tipos dos exames de acesso são algumas das exigências", frisou.
Verificar se o número de candidatos admitidos em cada curso se é respeitado, assim como dos enunciados das provas, o refrescamento ou avaliação dos professores, provas corrigidas, a adequação dos docentes ao estatuto da carreira docente, fazem parte do leque de preocupações a aferir.
Este Jornal apurou que os cursos do ramo de saúde e Informática mereceram destaque, com as exigências a serem mais incisivas: desde os laboratórios equipados à altura do educando.
A disciplina de Matemática foi também recomendada como uma das que deve merecer mais atenção Unidades hospitalares.
O presidente de um dos Institutos de Ensino Superior disse que “as unidades hospitalares cobram dinheiro” aos Institutos de Ensino para poderem encaminhar os seus estudantes para os estágios, mas salienta que as cobranças são feitas indirectamente.
"Ao solicitares o encaminhamento, as unidades hospitalares dizem sempre já têm as vagas preenchidas, mas se se der alguns valores monetários, as vagas aparecem", rematou, precisando que a concorrência depende de quem der mais.
De acordo com o analista que falou no anonimato, em Fevereiro do corrente ano, os Inspectores do INAARES já efectuaram uma inspecção, logo não vê razões de se fazer nova inspecção, passados 09 meses.
"Entendo que os institutos visados, desta vez, são aqueles considerados enteados", acusa.
À boca pequena, propala-se que Maria do Rosário Bragança, Ministra do Ensino Superior, pretende reduzir o número de Institutos existentes para dar lugar a outros de seu interesse.
"Veja que começaram por exigir o apetrechamento dos laboratórios com material de última geração fora do nosso alcance", referiu um responsável de uma instituição de ensino, para quem primeiro, potenciaram com material de laboratório algumas lojas de venda, para, depois, anunciarem que os Institutos que não apresentarem os requisitos exigidos deixassem de fazer inscrições de candidatos.
Mas essa medida, em seu entender peca, porque, hoje, o que se pode observar é que as tais lojas triplicaram os preços a seu bel-prazer, não só por adquirirem o material a um preço elevado, mas também por pertencerem à gente ligada directa ou indirectamente ao ensino superior.
Para ele, outro caso absurdo é exigir que a direcção dos Institutos de Ensino Superior tenham três Doutores.
"Onde vamos arranjar tantos Doutores para preencherem as vagas? Será que Angola já formou tanto Doutor assim? Os escassos doutores que existem estão vinculados, na sua maioria, às Instituições do Estado", questionou.
Disse que os cursos de saúde são os mais cobiçados, com argumentos extremamente subjectivos.
"Não tardará, vão criar uma medida de que só os Institutos deles é que vão leccionar este curso", prevê.