Diálogo intergeracional marca primeiro dia da 3ª Bienal de Luanda
A abordagem do primeiro Painel “Jovens, actores na promoção da cultura de paz e transformações sociais do continente/Diálogo de Alto Nível”, marcou o primeiro dia da 3ª Bienal de Luanda, tendo como prelectores estadista e figuras africanas, entre os quais o Presidente da República, João Lourenço.
Após a cerimónia de abertura, os presidentes de Angola, João Lourenço, de Cabo Verde, José Maria Neves, de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, interagiram com os jovens idos de vários países africanos sobre temas ligados a paz, educação, ambiente, desenvolvimento económico e tecnologia.
Durante quase três horas, painel de oradores, do qual fizeram também parte os ex-presidentes de Moçambique, Joaquim Chissano, da Nigéria, Olusegun Obasanjo, do Malawi, Joyce Banda, e o conselheiro da União Africana, Kgalema Motlanthe, esclareceu as inquietações dos jovens relacionados com os referidos assuntos.
Ao responder uma questão sobre o contributo de Angola para a redução de gases poluentes, o Presidente da República, João Lourenço, anunciou o arranque, no próximo ano, de um projecto de exploração do Hidrogénio Verde na localidade da Barra do Dande, capital do Bengo.
O Chefe de Estado explicou que o projecto será desenvolvido pela Sonangol, o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleos e Gás e por uma empresa alemã, com objectivo de servir o mercado interno e exportar energia verde para a Europa e outros consumidores do mundo.
Na sua abordagem, João Lourenço disse que, com o mesmo propósito, Angola vai assinar, na Cimeira da COP 28, a decorrer este mês, no Dubai, uma iniciativa que existe sobre a necessidade de descarbonização do petróleo e gás.
Disse que, além dessa iniciativa da ONU, há outras de instituições internacionais que Angola vai aderir, no sentido da sua indústria de petróleo e gás passar, num futuro breve, a ter a capacidade de medir as emissões de hidróxido de carbono e reduzir, o quanto possível, as emissões de dióxido de carbono e do gás metano.
Por seu turno, o Chefe de Estado de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, considerou essencial a capacitação dos jovens africanos para serem promotores da paz.
Na sua visão, é preciso fortalecer a capacidade dos jovens quer individual, quer as estruturas organizativas juvenis para que mais facilmente possam contribuir para um mundo melhor "garantindo essa cultura de paz”.
Já o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, defendeu que África deve proporcionar mais oportunidades aos jovens do continente, a fim de contribuírem para o desenvolvimento e a transformação de talentos.
Para o Presidente, é essencial a democratização do acesso ao ensino, assegurar a transformação da educação para aquisição de conhecimentos nas mais diversas áreas, para que cada jovem africano possa ter as ferramentas necessárias para crescer no continente e contribuir para o desenvolvimento.
A ex-presidente do Malawi, Joice Banda, considerou que a inclusão de jovens no processo da paz é inevitável, apontando os antigos líderes revolucionários independentistas como um exemplo a seguir.
O ex-Presidente de Moçambique e conselheiro da União Africana, Joaquim Chissano, afirmou que a tecnologia não funciona por si, por isso defende a aposta na formação do homem e da mulher.
O Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, advogou uma maior aposta na educação para a prevenção de conflitos e actos de violência no continente.
Considerou essencial investir na educação de homens e mulheres como meio para a paz e o desenvolvimento, visando o calar das armas até 2030.
Cerimónia de abertura
À sua chegada no Hotel Intercontinental, palco do evento, o Presidente da República, João Lourenço, foi recebido pela ministra de Estado para Área Social, Dalva Ringote, e, posteriormente, visitou a exposição da artista plástica nacional Fineza Teta, antes de discursar no dia inaugural do Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz e não-violência.
João Lourenço esteve ladeado pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, e ambos andaram pelo corredor onde estão expostos os quadros feitos com tintas acrílicas, esculturas e outros tipos de peças que predominam na cultura angolana e africana. O Chefe de Estado entrou nas instalações do Hotel Intercontinental ao som da marimba e da dança tradicional nacional.
No seu discurso de abertura, o Presidente João Lourenço, afirmou que a criação e consolidação de uma cultura de paz em África deve ser um passo fundamental para se estabelecer o clima e as condições essenciais para que os povos e as nações africanas se dediquem, com todo o seu engenho, às tarefas da promoção do progresso e do desenvolvimento.
Para o Estadista, só por esta via as nações serão capazes de enfrentar e superar o desafio do combate à pobreza, que é, no fim de tudo, é o maior dos problemas do continente e o que os torna vulneráveis às cobiças e às arbitrariedades que lhes estão subjacentes.
O maior desafio, disse, consiste na necessidade da definição acertada de estratégias e programas de desenvolvimento assentes na utilização dos recursos disponíveis, criação de dinâmicas para impulsionar o intercâmbio a todos os níveis, trocas comerciais, aproveitamento dos conhecimentos técnicos e científicos de cada um dos países e regiões, com vista a criação de factores geradores de crescimento.
Admitiu que tem a perfeita noção da complexidade da tarefa, no entanto África não deve desistir de a levar por diante, porque "temos de garantir um futuro promissor e próspero às gerações vindouras, às quais caberá dar continuidade ao trabalho iniciado".
“Devemos empreender igualmente um esforço gigantesco para protegermos os nossos mercados de choques externos e fortalecê-los na base de programas nacionais de desenvolvimento que assentem sobre a incontornável necessidade da diversificação da economia, por forma a torná-la mais resiliente aproveitando o espírito empreendedor das nossas gentes", continuou.
No plano internacional, afirmou que o fim do conflito no Médio Oriente passa pela criação do Estado palestino
No período da tarde, a Bienal foi preenchida com a abordagem do II Painel “Tecnologia e educação como ferramentas para alcançar a igualdade do género”, cujos oradores foram o Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Augusto da Silva Oliveira, a Directora da Heavenly Culture, World Peace, Restoration of Light (HWPL), Regan Durkin, Representante da ONU Mulher baseada na Cote d'Ivoire, Antónia Ngabala Sodonon, e pelo President da The William Tucker 1624, Vicent Tucker.
Audiências
No quadro deste importante evento, Presidente da República, João Lourenço, manteve na noite desta quarta-feira encontros de cortesia com o homólogo de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, e com o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.
De igual modo, o Presidente João Lourenço recebeu o director-geral adjunto da UNESCO, Xing Qu, e o vice-presidente do AfreximBank, Benedict Okey Oramah.
Privou também com os antigos Estadistas da Nigéria, Olusegun Obasanjo, e de Moçambique, Joaquim Chissano, e com artistas do grupo Resiliart.
A 3ª Bienal prossegue quinta-feira com os painéis “O papel da mulher nos processos de paz, segurança e desenvolvimento”, “O processo de transformação dos sistemas educativos: práticas inovadoras e financiamento no contexto africano”, “Os desafios e oportunidades da integração do continente africano e as perspectivas de crescimento económico” e a “alterações climáticas, desafios éticos, impacto, adaptação e vulnerabilidade”.
C-Angop