No Kilamba: Gente rica está a pisotear as lavras das camponesas
Maria da Conceição Francisco, camponesa, com o cartão de membro nº 798 K.K e a ficha de cadastramento do Projecto Habitacional nº 170/2011, passada pela então administração do Kilamba Kiaxi, em representação de 23 camponesas, todas membros inscritos na Federação Provincial das Associações de Camponeses e Cooperativa Agro-pecuárias de Luanda (UNAC), acusam a administração da Cidade do Kilamba de negociar com gente rica para se apropriar das suas terras, localizadas por detrás do Campo Arena Multiuso ao supermercado Kero. Hélio Aragão, administrador do Kilamba, disse que as coisas não são bem assim. O que se passa é que se está a dar continuidade à estrada; "apenas isso".
Por: Kiamukula kanuma
Maria da Conceição Francisco, de 58 anos de idade, disse terem vindo do antigo "cinco fio", nos anos 1984/85, antes produzirem ai carvão.
"Em 1992/93, passamos para o cultivo de mandioca, milho e feijão macunde", conta, salientando que só em 2005 é que começaram a receber visitas dos membros do governo para as sensibilizar, dizendo que seriam áreas habitacionais.
"Nos cadastramos, deram-nos estas fichas, pelas mãos do senhor Joaquim Raquel, ex-Administrador do Kilamba e o Engenheiro Paulino", disse.
Refere que a maior parte das camponesas foi indemnizada. "O projecto parou aqui na rua do Supermercado Kero, e nós ficamos por ser indemnizadas; mandaram-nos aguardar até à data presente", precisou, afirmando que, enquanto isso, continuam com as suas actividades agrícolas.
"Invasores de peso" querem o espaço
De acordo com as camponesas entrevistadas, “os invasores encabeçados por alguns senhores conhecidos apenas por Lemos, Gindungo, Daniel e o Bento Raimundo, (outras duas não identificadas)", têm ido ao local, nos últimos dois meses, a bordo de suas viaturas de top de gama.
"Fazem-nos propostas de pagarem apenas as hortícolas, dizendo que nós já fomos indemnizadas", denunciam, referindo que mesmo não tendo ainda indemnizado, já estão a abrir ruas, "pisoteando o cultivo" das camponesas.
Ao todo, são 23 camponesas que ainda não foram indemnizadas. Embora as últimas tentativas de as camponesas contactarem o administrador tenham falhado.
À nossa reportagem, Hélio Aragão assegurou que o que está a acontecer é tão-somente fazer abertura continuada de vias de acesso.
"Não estamos a dizer que as fichas delas não sejam verdadeiras, mas a ocupação da via pública não pode acontecer; até pode haver vedação noutros espaços, mas nunca na via pública", sentenciou.