Concurso Público do GPL: Nepotismo e amiguismo pode emperrar o processo
O Governo Provincial de Luanda abriu um concurso público de ingresso para o provimento de 2039 vagas, a nível da cidade capital em diversas carreiras, nomeadamente, técnicos superiores, escriturário dactilógrafos, motoristas, auxiliares de limpeza à operários qualificados e não qualificados.
Por: Matias Miguel
Por formas a constatar a situação dos postos de atendimento em alguns municípios, pelo menos, os de maior impacto, o NAMIRA DO CRIME, fez uma ronda nos municípios do Cazenga e de Viana, respectivamente, tendo neste último, uma nota estampada no placard da Administração despertado a curiosidade da nossa equipa:
"Estão dispensados os candidatos com formação nas áreas de Educação e Saúde", dizia o letreiro em letras garrafais.
De acordo com a constatação deste Portal, o concurso continua a ter bastante aderência dos munícipes que esperam conseguir uma vaga.
Entretanto, os candidatos reclamam de algumas exigências que consideram impróprias para esta fase do processo.
“Eles disseram que o concurso público é gratuito, mas nos deparamos com a exigência da obrigatoriedade da apresentação do talão de recenciamento militar para os candidatos do sexo masculino, que para se tratar é necessário gastar quatro mil Kwanzas”, denunciaram.
Outra exigência apontada pelos candidatos que deveria estar de fora é o factor idade, na medida em que, está a se pedir candidatos com idade não superior a 35 anos.
“O talão, por exemplo, deveria ser exigido depois da selecção dos candidatos, só assim é que eles deveriam apresentar o talão de recenciamento militar. Agora pedir nessa fase que eu não sei se vou aprovar ou não é complicado”, explicou Carlos Contreiras, que aponta outros gastos como a exigência do requerimento em folha de 25 linhas, numa altura que se poderia recorrer as novas tecnologias de informação.
Na visão de candidato Miguel Ebo António, de 33 anos, concorrente do município de Viana, esse processo está bastante centralizado situação que tem contribuído para que os candidatos encontrem muitas dificuldades para se poderem candidatar ou receber a ficha que os habilita a concorrerem à uma vaga.
A título de exemplo, ele próprio teve de sair de Viana para o município do Cazenga para conseguir uma ficha.
“Aqui em Viana está aberto apenas um posto de atendimento e a demanda dos munícipes é bastante acentuada. Por este facto, estamos a encontrar muitas dificuldades para sermos atendidos e entregarmos os documentos”, apontou.
Segundo disse, teve de madrugar durante dois dias seguidos, mesmo assim, já encontrava pessoas que pernoitavam no local. “Por isso, não vi outra alternativa senão ir ao município do Cazenga onde, no seu entender, as coisas estão melhor organizadas.
“No Cazenga tem quatro postos, sendo um na Escola Grande, na FESA, na Jota e outra numa escola junto ao tanque do Cazenga.
Nepotismo e amiguismo
Tal como em quase todos os processos de contratação publica, as práticas que o Presidente da República tem estado a combater continuam bastante enraizadas.
Neste processo não é diferente e, de acordo com os candidatos, há sim nepotismo e amiguismo.
“Cheguei aqui as 05 horas, coloquei o nome numa das várias listas que criaram, mas notamos que algumas pessoas não saem da fila, entram diretamente”, denunciou o candidato Pinto António, para depois dizer que os angolanos já estão acostumados com essa pratica, cujos autores já estão identificados, tais como, o pessoal da organização e os agentes da Polícia Nacional.
Desmaios
O NA MIRA DO CRIME, deparou-se com uma candidata que terá perdido os sentidos por alguns momentos e acabou por cair inanimada.
Segundo a acompanhante, chegou com a amiga por volta das 05 horas 00, aguentaram até às 11 horas, “mas há quem não está habituada a fome, pode ser o caso dela e acaba por cair”, apontou.
Entretanto, este Portal ainda tentou uma conversa com a vítima, mas não foi possível fruto do seu estado debilitado, tendo sido necessário prestar-lhe os primeiros socorros com o consumo de bastante água e molhar-lhe a cabeça para recuperar o mais rápido.
Quatro dias de atraso
A Directora dos Recursos Humanos da Administração de Viana, Antónia da Costa, disse que já estão superados os transtornos que condicionaram a abertura do processo no dia 12, como previsto.
“Infelizmente fomos forçados a abrir as candidaturas ao concurso público apenas na quinta-feira, dia 16 de Julho e não no dia 12 como estava anteriormente previsto”, começou por explicar, para depois responder que a apresentação do talão de recenciamento militar não é de carácter obrigatório, mas sim, facultativo, mostrando os muitos processos sem este documento.
Questionada as razoes para ter apenas um posto de atendimento aos candidatos a responsável respondeu que tudo deve-se ao facto de permitir maior celeridade dos técnicos.
Vendedoras de material estão a facturar
Juliana Francisco Cuba, vendedora de folhas de 25 linhas e impressos do concurso, assumiu estar a ter alguns dias de venda consideráveis.
Para sua alegria, garantiu que está a ser bastante solicitada para arranjar os documentos que vende.
“Por dia consigo levar à casa 10 ou mesmo 12 mil kwanzas. Este não é o meu negócio, mas dada a procura do material, deixei de vender o fardo que é o meu negócio habitual, para tentar outra coisa. Felizmente está a valer a pena”, concluiu.