Trabalhadores angolanos que labutam em empresas chinesas denunciam episódios de escravatura em Cacuaco
Trabalhadores angolanos das empresas chinesas do polo Industrial Guang De Internacional, localizado no município de Cacuaco, em Luanda, relatam cenas de escravatura, protagonizadas por patrões de nacionalidade chinesa.
Por: Kihunga Bessa
As denúncias chegam de funcionários descontentes com a prática dos patrões e que, agastados, desejam mudar o cenário.
De acordo com funcionários que pediram anonimato, um dos grandes problemas é a hora de entrada e saída.
“Trabalhamos todos os dias, de segunda a domingo, das 06 às 18 horas, sem faltar nenhum minuto”, denunciou.
“É complicado, boa parte das pessoas vive em Cacuaco em zonas perigosas, e somos obrigadps a sair de casa 4horas, com todos os riscos imagináveis”.
A refeição é outro problema, de acordo com os trabalhadores, têm apenas uma refeição, que é o almoço, e não passa de arroz com feijão mal cozido.
“E aqui é proibido reclamar, sob pena de sofrer represálias”.
Salários
Segundo os queixosos, o salário básico para os nacionais é de 30 mil Kwanzas, num contraste que chega aos 1 milhão dos expatriados.
“O mais agravante é que eles nem sequer disponibilizam subsídio de táxi, cada um vira-se como pode, porque no final há sempre mais um no portão a espera da sua vez para ser escravizado”, lamentou.
Descontos
"Para além de sermos mal pagos, ainda somos descontados a toa, sobretudo quando se falta por motivo de doença… e o desconto é sempre de 5 mil Kwanzas", revelou, afirmando que ninguém defende ninguém nessa empresa.
Vale dizer que o Pólo Industrial Guang De Internacional, está localizado no município de Cacuaco, junto a Unidade Militar “Ponto 03”, a cerca de 3 km da Via Expressa. Este jornal sabe que, existem mais de 10 indústrias naquele espaço, todas chinesas, com mais de 1000 funcionários entre nacionais e estrangeiros.