Acesso esburacado e sem condições de venda: Quem desvia os “rios de dinheiro” provenientes do mercado do 30?
O mercado do Km-30 arrecada, por dia, mais de 10 milhões de Kwanzas, valor proveniente dos mais de 50 mil vendedores e trabalhadores que, diariamente, pagam uma taxa de 200 e 100 kwanzas cobrada pelos fiscais a mando da administração do recinto.
Por: Isaac Cambundo
Localizado no município de Viana, Distrito Urbano do Baia, em Luanda, o mercado do Km-30 é considerado o maior centro de venda informal do país e o centro de sustento para muitas famílias, não só as residentes na capital do país, mas também as de outros pontos de Angola.
Com mais de duzentas naves, é onde, todas as manhãs, a partir das 6 horas, de terça-feira a sábado, muitos acorrem para venderem e prestarem serviços.
Alguns vendedores, camionistas e taxistas, entrevistados pelo NA MIRA DO CRIME, mostram-se agastados por causa da via que liga a EN-230 ao mercado e clamam por melhores condições para o local que, apesar de ter uma receita considerável, o seu acesso está totalmente degradado.
É o caso de Jelson, taxista. “Tenho me perguntado se com os valores que o mercado cobra, não é possível arranjar a estrada", questionou, referindo que o seu carro está a estragar porque a estrada onde circula todos os dias não está em bom estado.
"Às vezes, fujo para não trabalhar aqui, porque nesta fase de chuva, a situação piora”, disse um camionista que não queria ser identificado.
Tino Salembe, camionista, disse que durante a última chuva, assistiu a um cenário em que as carrinhas e turismos passaram mal ao saírem do mercado do 30.
Já uma vendedeira que se identificou apenas por dona Amélia disse que têm pago todos os dias 200 Kwanzas, ainda dão mais 100 Kwanzas para a limpeza, mas não fazem limpeza".
“Cobram o dinheiro, mas não fazem a limpeza, nós é temos que varrer mais, e quando reclamamos aos fiscais nunca têm resposta para dar", denunciou.
“Faço venda de carne há vários anos; comecei no antigo mercado ‘Roque’, mas o que tenho ouvido é que este mercado faz muito dinheiro, peca apenas pela falta de organização a partir da administração até aos fiscais, que só pensam em cobrar e nada mais fazem”, disse Joana Carvalho, 56 anos de idade.
Dentre várias pessoas que fazem do mercado do “30” a sua loja, estão também jovens provenientes de outras províncias e prestam serviços a compradores.
“Eu ajudo as pessoas a fazer compras; levo o saco dos produtos com carro de mão, giro com a senhora ou senhor até ela terminar, eu pago 100 Kwanzas ao fiscal”, explicou Eduardo Sanjonjo, de 20 anos de idade, vindo da província de Benguela.
“Vim no ano passado da província do Bié, com o meu amigo; ajudo a carregar o saco das pessoas que vêm fazer compras e me pagam 500 ou 1000kz, dependendo do peso e da distância”, informou Pedro Kalupeteka, de 18 anos de idade.
O 30 é tratado como o mercado de milhões, fruto das receitas que arrecada diariamente.