Juíza dá o dito pelo não dito e pronuncia sentença considerada “genocídio judicial”
O empresário Vicente Jorge e sua família encontram-se na rua por conta de um conflito entre o tribunal da comarca de Luanda, primeira secção dos crimes comuns, com a sua empresa, pelo que acusa a juíza, Dra Morodeth Teixeira Antônio Luísa, de ser a principal causadora da situação
Por: Kihunga Bessa
De acordo com o empresário Vicente Jorge, dono da agência de viagens VJ e Filhos - Prestação de Serviços, a desgraça começou quando, em Outubro de 2020, conheceu o Sr. Diwansa Wambote Destino, tendo o mesmo afirmado ter um irmão de nome João Longo Nada (John Dux) que desempenhava o cargo de director mundial de produção da empresa Stim Star ligada ao ramo dos petróleos, com sede em Houston, nos EUA.
Vicente Jorge conta que terá sido convidado a fazer parte de um projecto de recrutamento, agenciamento e gestão da guest house da mesma empresa pelo referido Diwansa Destino, supostamente por orientação do seu irmão, Longo Nada.
Possuindo poucos recursos financeiros, Vicente alega que teve de vender alguns bens como carro, casa e outros pertences, para investir no negócio.
Logo, foram feitos anúncios nas plataformas digitais para as candidaturas de marinheiros e de outros sectores administrativos e da guest house.
João Longo, a partir dos EUA orientava que toda documentação caducada fosse entregue ao seu irmão Diwansa, que deveria reencaminhar ao director Saveia da ESSA, com um valor adicional de 30 mil Kzs cada.
“Tal valor, entregue pelos candidatos, eram entregues a Diwansa, supostamente para a renovação de certificados de formação ‘BST e HUET’", explicou.
O empresário refere que, assim sendo, o mesmo director da ESSA, depois de renovados os certificados, encaminhava-os para a empresa Stim Star, à cargo do capitão Dick Smith que depois de os receber, por sua vez, encaminhava também alguns certificados à direção da VJ via email, com prazo de três meses de caducidade.
O próprio João, informou, orientava novamente o director das operações da empresa Stim Star para que solicitasse ao capitão do barco Dick Smith as cópias de B.I. dos antigos marinheiros de John Dux, arquivados, e enviasse para a empresa VJ afim de actualização dos certificados da ESSA, para que passassem a ser considerados como marinheiros da mesma agência.
Tendo estes embarcado, ficariam um prazo de 28 dias, alegando-se posteriormente que houve algumas limitações impostas pelo governo por causa da Covid-19.
Conta ainda que depois de ter feito esse serviço, nunca recebeu os valores gastos que se estimam num montante de 1.250.000.00 (um milhão e duzentos e cinquenta mil dólares) por cada embarque.
Consta que João Longo entendeu fazer uma transferência para a conta da empresa VJ no valor de 4.500.000.00 (quatro milhões e quinhentos mil dólares), mas por não ter uma conta no Standard Bank encontrou-se um impasse.
Diwansa Destino e o advogado Marques Lopes foram ter com o capitão Dick Smith para a disponibilização do valor supracitado, tendo eles, com um cartão de crédito VISA, do mesmo capitão, garantido ter cumprido os procedimentos do Banco Nacional de Angola (BNA) para a transação dos valores para a conta da empresa VJ, valores esses que, até à data presente, não reflectiram na mesma.
Vicente afirma que depois de ter finalizado com todas as exigências para com a Stim Star, os indivíduos voltaram a surgir com um segundo projecto adstrito à Edison Chouest para a continuidade dos mesmos serviços prestados anteriormente.
Disse também que depois de ter começado a troca de emails com o capitão Dan Roggers, sob orientação de John Dux e Diwansa, o capitão pede que a empresa VJ fornecesse 300 marinheiros livres.
Tendo cumprido com os procedimentos para o recrutamento destes, Vicente conta que o homem das operações, Diwansa Destino, começou com truques, alegando enfrentar alguns problemas burocráticos para o embarque dos marinheiros.
Por este motivo, João Longo orientou mais uma vez um empréstimo de 150 marinheiros à empresa BP, confirmados como embarcados pela empresa Edison Chouest, cuja operação comandada por Diwansa, num contrato válido a 2.250.000.00 (dois milhões e duzentos e cinquenta mil dólares) por cada embarque, também não reflectiu na conta da empresa VJ até à data actual.
Vicente Jorge assegura que até ao momento a sua empresa nunca usufruiu dos valores mencionados, porque depois de serem disponibilizados, Diwansa Destino, Marques Lopes e João Longo desapareceram para parte incerta.
A empresa VJ remeteu o caso à polícia e passado alguns dias, Diwansa, sentindo-se pressionado pelo inquérito da polícia e de todas as diligências feitas, resolveu colaborar ligando a um dos membros da empresa VJ alegando doença e não estar foragido e que não teve culpa de nada, acusando que o mentor de todo processo é o advogado Marques Lopes, que arquitectou todo esquema, mentindo que ia apresentar-se para resolver o litígio.
Oito meses depois do seu desaparecimento, foi detido na esquadra do Sequele no dia 15 de Dezembro de 2021.
O empresário sublinha que após a sua detenção, no dia seguinte, apareceu-lhe um indíviduo identificado por Henrique Mateus, para negociar a soltura do mesmo com a sua empresa, pelo valor de 30 milhões de kwanzas, proposta que foi recusada, tendo então o advogado pedido a transferência do detido para a 8ª esquadra do Prenda, município da Maianga.
Na esquadra do Prenda, a procuradora solicitou uma acariação e ela, junto com o investigador Domingos Ferreira, mesmo depois de o acusado Diwansa Destino ter assumido todas as acusações contra si e tendo-se mostrado diponível a colaborar para a entrega do contrato e dos valores citados, assim como manifestado o interesse para que, naquele exacto momento, o investigador o pusesse numa viatura para mostrar-lhes as instalações na base Sonil’s e o escritório do advogado em causa, Marques Lopes, para que com tais pistas se localizasse a empresa Stim Star, tendo igualmente pedido um telemóvel para ligar ao seu irmão nos Estados Unidos para que autorizasse a entrega do contrato, pura e simplesmente banalizaram e ignoraram a sua intenção.
Na sequência, depois de se ter cumprido todos os procedimentos, o processo foi encaminhado para o tribunal da comarca de Luanda Dona Ana Joaquina, na primeira secção dos crimes comuns, sendo juíza da causa a Dra. Morodeth Teixeira Antônio Luísa.
Depois de cinco audiências, no dia 2 do corrente mês de Dezembro do ano 2022, por volta das 15 horas, na sala audiência da primeira secção, a juíza, tendo aberto a sessão, fez a leitura do quesito aprovado a favor da empresa Vicente Jorge.
Já com esperança de vitória, na última sessão, Vicente Jorge contou que ficaram espantados no dia 14 do corrente mês, quando estando presentes no tribunal para a leitura do acórdão da sentença final do processo, a juíza contradisse tudo quanto havia dito na leitura do quesito, ao inocentar Diwansa Destino de todos crimes de que foi acusado e autorizou o mandato de soltura.
Insatisfeitos com essa surpreendente sentença pronunciada pela juíza Morodeth Teixeira António Luísa, que a empresa VJ considera um “genocídio judicial”, foi interposto o recurso.
"Sentimos que este processo está viciado e com ameaças que recebemos de pessoas anónimas, a que se juntam os constantes assaltos aos dispositivos onde estavam as provas contundentes e os que sondam as nossas residências".
Vicente disse ter sido despejado com a família, por causa do referido negócio e pede encarecidamente ajuda ao Presidente da República, João Lourenço, à Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, ao Procurador Geral da República, Hélder Pitta Grós, à presidente da Assembleia Nacional Dra. Carolina Cerqueira, ao presidente do Tribunal Supremo, Dr. Joel Leonardo, bem como à sociedade em geral para que o ajudem e se ponha termo à toda esta conspiração criminosa, cujos tetáculos já abarcaram as autoridades judiciais e criminais.