Troca de combustível: Sonangalp causa danos a uma viatura e demarca-se do compromisso assumido
A Sonangolp, empresa de direito angolano constituída pela Sonangol e a empresa portuguesa Galp, depois de ter assumido o erro, em termo de responsabilidade assinado pelo director-geral, Francisco Lima Aires, reconhecendo à data dos factos ter havido troca de combustível no acto de abastecimento no posto de combustível de Alvalade à viatura de marca Toyota, modelo Hiace, de cor azul e branca, matricula LD-02-24-FB, no dia 19 de Janeiro de 2023, passados dez meses declina o pagamento, alegando ter “costas largas”.
Por: Kiamukula Kanuma
Decorre na Sala do Cível e Administrativo do Tribunal da Comarca de Luanda, na rua Amílcar Cabral, 1º andar, o processo nº 2023-1485 em que são constituintes a empresa Sonangalp e Filomena Amélia Canambi, de 30 anos de idade, primeira filha de quatro irmãos com procuração bastante do irmão, Manuel Amélia Canambi, proprietário da viatura de marca Toyota, modelo Hiace, com as cores azul e branca.
A referida viatura foi alvo de um erro cometido nas bombas da Sonangalp, ao Alvalade, quando foi abastecida com outro tipo de combustível, que não é o que usa habitualmente.
No dia 19 de Janeiro, o motorista levou a viatura para abastecimento de combustível no posto próximo à Rádio Nacional de Angola, com o depósito a meio, tendo o funcionário do posto colocado gasolina em vez de gasóleo.
Depois de andar cerca de 30 minutos, a viatura bloqueou no meio da faixa de rodagem. O erro cometido pelo funcionário foi reconhecido, à data dos factos, pelo director-geral, Francisco Lima Aires, tendo garantido a total reparação da viatura com os arranjos técnicos que se impõem num caso semelhante.
Contudo, depois disso a situação manteve-se inalterável e a Sonangalp não honrou o compromisso, tendo o caso chegado a Tribunal.
Estranhamente, até ao momento, o tribunal não se pronunciou, apesar das evidências de que a causa foi a troca de combustível, facto constatado no posto de abastecimento, por erro do funcionário, assumido pela direcção que elaborou e assinou um termo de responsabilidade em que ficou claro que a Sonangolp arcaria as consequências dos danos causados à viatura.
Diante dos contornos desagradáveis que o caso tomou, Filomena Amélia procurou o Na Mira do Crime para revelar o que alega ser um acto de injustiça e pede ajuda a quem de direito, atendendo que a actual directora da Sonangalp não quer assumir a responsabilidade, afirmando que “podem queixar-se onde quiserem porque tem costas largas”.
Depois do erro que causou a avaria, “passados 20 dias ligaram-nos informando que a viatura encontrava-se em bom estado de funcionamento; mas ao testarmos no interior das oficinas deles, demos conta que a viatura apresentava certas anomalias a pontos de nem pegar de arranque; quer dizer que nada haviam feito e de forma arrogante queriam obrigar-nos a levar a viatura como estava e até prontificaram-se em oferecer um reboque, o que recusamos”, descreve a cidadã.
Filomena explica também que ante o impasse que se gerou, “elaboraram um termo de aceitação e compromisso, pedindo a nossa anuência para levarem a viatura para as oficinas da Toyota de Angola, mas os custos de mobilidade, diagnóstico, permanência no parque deles assim como no da Toyota seriam suportados por nós, proposta absurda e não aceite”.
De acordo com a interlocutora, “o procurador do SIC-provincial, deu-nos a conhecer a existência de um documento que consta nos autos onde se afirma que a Sonangalp terá resolvido o problema e, portanto, o caso encontra-se encerrado”.
“A pergunta que não se quer calar é: Quem assinou este documento?”, questionou a cidadã.
A desgraça instalou-se na família
Filomena explicou ao Na Mira, que nos dias de hoje, não tendo acesso à viatura e por cada dia que passa a mesma vai-se degradando, “as dificuldades da vida tornaram-se mais apertadas, a viatura é um meio que nos garantia a sustentabilidade, dava cento e cinquenta mil Kwanzas semanalmente, assim estamos com um prejuízo de cinco milhões pelos onze meses que está parada nas oficinas da Rodangola (Sonangalp)”.
“Exigimos o reparo dos danos físicos e morais (indemnização), pois é óbvio que aquela viatura já não será a mesma pelo tempo que está inoperante”, referiu, clamando por justiça e apelou às autoridades que ajudem a resolver este problema com a Sonangalp.
“A viatura foi ao posto de combustível andando, logo deveria voltar nas mesmas condições; dizer ainda que estou com quatro irmãos e dois deles tiveram que largar a escola por falta de dinheiro para pagar as propinas, também a minha mãe não goza de boa saúde”, lamentou.
Na busca do contraditório, Na Mira do Crime deslocou-se à baixa de Luanda, ao edifício Presidente Business Center, no Largo 17 de Setembro, nº 3 -1ª andar esquerdo, na quinta-feira (14), tendo contactado a direcção dos Recursos Humanos que solicitou para aguardar mais 3 dias.
Passado o prazo, este Jornal insistiu via telefone, mas do outro lado, infelizmente, a resposta foi que “não tinha competência para falar do caso” e remeteu-se ao silêncio.