Angola tem condições para ter uma rebelião armada?
Em Angola, fruto de muitos anos de guerra, quase todos os seus cidadãos sabem manejar uma arma. Só isso, não preocupa muito; o que preocupa mesmo é a facilidade que os cidadãos têm em adquirir uma arma de fogo.
Por: Lito Dias
A isso, acrescenta—se o facto de algumas pessoas, aparentemente fora do controlo das autoridades, e apesar da crise que o país atravessa, conseguirem ter condições financeiras para adquirir o tipo de arma que quiser e aliciar cidadãos carentes.
Muito se disse à volta dos recentes acontecimentos, despoletados graças a um erro qualquer do major Pedro Lussaty, tendo, na sequência disso, o Presidente da República exonerado altas patentes da sua casa de segurança e das Forças Armadas Angolanas, de uma maneira geral. Tudo isso deixou sinais claros de que alguma coisa correu muito mal e não há formas de se afastar do seu impacto.
Embora a 'operação caranguejo' esteja a correr os seus trâmites, impõe—se fazer estudos para não só registar que a Casa de Segurança do Presidente da República continue a dar o mau exemplo, no que o desvio de fundos públicos diz respeito, mas também prevenir a iminente vulnerabilidade de esse dinheiro ser usado para fins perversos.
Alguns analistas acreditam que Lussaty seja apenas uma testa de ferro, e que atrás dele há barões ou 'carangujos já gordos'. Se assim for, a justiça fará o seu trabalho para se descobrir o filão.
Mas se não for, continuaremos de olhos ao Major Lussaty que, só o dinheiro encontrado em sua posse, mais aquele que terá transferido para o exterior do país, dava para resolver inúmeros problemas do país, como também daria para desestabilizar o país.
O Na Mira do Crime constatou, por exemplo, que em Luanda, adquirir uma não é tarefa difícil. Ou seja, os preços de uma AKM variam entre 20 a 50 mil Kwanza, sendo que o estado de conservação da mesma determina o seu valor.
Uma pistola do tipo Star pode ser vendida até 200 mil ksanzas, a depender do número de munições. Esse negócio não só é feito entre militares e polícias, mas também entre civis, bastando para isso ter dinheiro.
Se, porventura, Pedro Lussaty e eventuais comparsas tivessem planos de armar um determinado grupo, comprando no 'mercado paralelo', teríamos a idéia de quantas armas seria capaz de arrecadar.
Pelo que foi mostrado à população como sendo bens encontrados nas casas e viaturas do major PL, depreende— se que ai onde labutou há boa vida já há algum tempo.
Se lá na Casa de Segurança do Presidente da República o nível de vida é relativamente aquele, e o processo de exportações continuar teremos muitos pequenos castelos desmoronados.
E isso pode levar os serviços de segurança a reforçar a vigilância para, em primeira instância, controlar os níveis de desmotivação entre os efectivos afectados directa ou indirectamente pela 'operação caranguejo'. É ai onde o general Francisco Pereira Furtado deverá mostrar mestria em deitar por terra os vícios criados durante anos.