UNITA coloca em marcha plano para identificar bófias e revús nocivos ao partido
Na ânsia de ter militantes, não só em quantidade, mas também em qualidade, a UNITA vê—se envolvida numa situação em que não consegue travar quem deseje entrar no partido, nem expulsar todos aqueles que tiverem uma agenda contrária ou mesmo danosa. Ciente dos riscos que corre, está em marcha o plano de identificar todos que pretendem entrar no partido "para provocar estragos".
Por: António Kañeneñene
O passado do maior partido na oposição não tem um histórico triunfante no que, por exemplo, a acomodação de candidatos independentes diz respeito.
Essa era, inaugurada pelo deputado Makuta Nkondo e Mihaela Webba, não bastou para a UNITA pautar por uma selecção mais prudente daqueles que se oferecem para fazer parte da lista de candidatos.
Como se estivessem carentes de quadros, em 2017, os 'maninhos' não resistiram ao namoro 'letal' de David Mendes que, depois de ser eleito deputado vinculado ao Grupo Parlamentar da UNITA, transformou—se num pesadelo para este partido, provocando danos substanciais.
Com Adalberto Costa Júnior à testa do partido, por dentro ou por fora, veem—se novos rostos a simpatizarem—se com o partido fundado por Jonas Malheiro Savimbi, o que pode ser positivo, mas também perigoso.
Recentemente, a deputada Arlete Chimbinda disse numa estação radiofónica, em Luanda, que a entrada em massa de novos militantes era, de todo, positivo, mas também propicia a entrada de infiltrados.
Mais do que simples ponto de vista, hoje, é um assunto que está a dominar as atenções das equipas de asseguramento, constituídas maioritariamente por elementos que entendem de segurança.
O facto de o Movimento Revolucionário e outras organizações cívicas tidas como grupos de pressão, se juntarem à exaltação da imagem de Adalberto Costa Júnior, faz com que algumas acções que desenvolvem se confundam com a dos militantes da UNITA ou de indivíduos infiltrados, como aconteceu na reunião da Comissão Política, em que a imagem de Samakuva foi espezinhada e maltratada.
Viu—se também que o seu protagonismo era de ter em conta, ao ponto de criar transtornos à própria reunião, que teve de terminar duas horas mais tarde da prevista.
Já se começa a notar a dificuldade que o partido encontra para identificar os autores desse ostracismo. Se o que se pretende é levar a imagem de que a UNITA está dividida, com o acto do dia 20, na reunião da sua Comissão Política, começa—se a construir o sucesso dessa pretensão.
A ESTRATÉGIA ESTÁ A RESULTAR
O uso desenfreado das redes sociais, atacando ACJ levou o Gabinete de Estudos e Análises a descobrir que alguns dos seus membros tinham outras agendas e eram supostamente remunerados para, através das redes sociais, inviabilizarem as acções do político e do partido, em geral. O NA MIRA DO CRIME sabe que depois de vários puxões de orelha, os quadros em causa foram chamados pelo Conselho de Jurisdição do partido para poderem justificar as constantes publicações de assuntos internos, mas estes não se vergaram, tendo sido, no início deste ano, sancionados. — Gaspar Luamba, filho de um agente da secreta em Malange, que se filiou no partido em 2004, tendo tido uma curta passagem pelo Movimento Revolucionário, foi expulso da UNITA em 2020, por conduta indecorosa e falta de lealdade a direcção da organização.
Eusébio Neves, conhecido nas lides da secreta angolana como Zebra, já foi Secretário do partido em Cacuaco, mas acabou suspenso do partido, pelo cometimento de várias infracções.
O mesmo destino foi dado a Filipe Mendonça (IPE), um jovem político que, nas redes sociais, não poupava críticas à direcção do partido e a ACJ, por não ter sido enquadrado.
Este trio, num gesto comemorativo pela anulação do XIII congresso, responsabilizou—se de levar o acórdão do Tribunal Constitucional à sede da UNITA em Viana, onde pretendiam tomar por alguns minutos a Rádio Despertar para procederem à leitura integral do referido documento, mas foram repelidos.
Fonte do Galo Negro revelou que no dia 20 do mês em curso, os três jovens, enquanto decorria a Comissão Política, circulavam nas proximidades do complexo do Sovsmo, com Sampaio da Costa Kawik, ex—militante da UNITA e principal mentor do processo que levou à anulação do congresso. "É o regresso triunfal a Viana", vangloriava—se Kawik.