Conferência Internacional "ensina" UNITA como derrubar regimes ditatoriais sem fazer guerra
Sob o lema "Paz, Segurança e Desenvolvimento", realizou-se, esta terça-feira, 26, em Luanda, uma conferência internacional, que deixou lições pertinentes sobre como os partidos políticos devem derrubar os governos ditatoriais sem fazer guerra.
Por: Lito Dias
Promovida pelo maior partido na oposição, a conferência contou com as prelecções dentre outros, de Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, da deputada moçambicana (ex-Vice-presidente da bancada parlamentar da RENAMO), Ivone Soares, do antigo Primeiro-Ministro angolano, Marcolino Moco e do Presidente do Clube de Madrid, Rúben Campos.
ACJ, na sua prelecção, referiu-se aos jovens que, em seu entender, são as principais vítimas dos incumprimentos das promessas eleitorais, 21 anos depois do fim da guerra fratricida. Fez alusão à corrupção política, económica e à pequena corrupção, para além da injustiça "que continuam em alta" nos corredores do poder, tendo como resultado a miséria dos autóctones que estão sem sonho para se realizar.
Ivone Soares, por sua vez, disse que Angola tem feito progressos, em parte, graças ao contributo da UNITA a quem recomendou no sentido de estudar bem o actual Executivo, se quiser alcançar o poder.
"É preciso saber como vencer regimes totalitários sem guerra", apesar de estes violarem sistematicamente os Direitos Humanos e usarem técnicas para controlar o povo, apostando na corrupção e noutras atrocidades", orientou, apelando para a necessidade de criar uma base popular aceitável.
A parlamentar moçambicana afirmou ainda que ao analisar como vencer regimes com tendências ditatoriais é preciso não olhar simplesmente nas estratégias do passado; mas sim nas tecnologias e nos mídias.
"É preciso apresentar as contra -propostas para resolver os problemas (...) e as políticas devem ser massivamente disseminadas", alertou, aconselhando a UNITA no sentido de continuar a usar a diplomacia e ocupar espaço em fóruns internacionais.
Para Ivone, a UNITA tem um longo caminho a percorrer, mas com determinação e inteligência vai vencer.
"O povo angolano é forte e resistente", reconheceu.
Há zonas no Kuanza Sul onde a montanha foi vedada…tem dono!
O docente universitário, Albino Pakissi considera inaceitável que nesta fase em que se fala muito do ecoturismo, existam regiões do país, como é o caso da província do Kuanza Sul, onde uma montanha é vedada, alegadamente por ter dono.
O também analista político assumiu esta posição quando dissertava sobre a "A Doutrina Social da Igreja", tendo dito que uma sociedade, como a nossa, não consegue desenvolver sem condições financeiras, ambientais e sociais.
"A igreja propõe a dignidade da pessoa humana, mas aqui a dignidade humana está mal", disse, apontando como barómetro a quantidade de cães que morrem e apodrecem nas estradas; e a quantidade de crianças e idosos que pedem ajuda nas ruas, porque estão com fome.
Lembrou que a igreja defende a solidariedade e o bem comum (que é de todos e não de um pequeno grupo).
"Não é justo que as pessoas mais poderosas tirem aos menos poderosos", observou, referindo que há pessoas que até hoje governam-se sozinhos, e não precisam o Estado assistencialista, porque recebe bens que ele já produz.
O antigo Primeiro-ministro de Angola, Secretário-Geral do MPLA e Secretário-geral da CPLP, Marcolino Moco, considerou degradante o estado da justiça angolana.
Acrescentou que o mais preocupante é que os elementos mais degradantes dessa justiça, especialmente no pós-guerra civil terminada em 2002, foram sendo sucessivamente consagrados constitucionais e legalmente no sistema, tanto político como no estritamente orgânico.
Para ele, o passo mais decisivo de actos degradantes da Justiça no país foi a criação de um híper-presidencialismo que congrega no mesmo titular o poder executivo, “entretanto, subtraído de todos os mecanismos formais e informais de controlo e fiscalização dos seus actos”.