Francisco Rodrigues Maneira “Chiquinho” – Conheça o falso coronel que palestrava sobre pilotagem depois de reprovar nos testes de admissão
Alguns animais ‘brincam na selva, enquanto o lobo não vem’. Essa parábola pode-se aplicar também ao jovem de Francisco Rodrigues Maneira “Chiquinho”, de 33 anos de idade que, com estes anos de vida, andou de um tempo a esta parte a fazer-se passar por um coronel, sem nunca ter passado em um treinamento militar. Até, porque, reprovou nos testes de admissão para a Força Aérea Nacional (FAN), mas palestrava sobre pilotagem.
Por: Lito Dias
O “Chico Esperto” foi detido esta quarta-feira pela Polícia Judiciária Militar (PJM), na Vila Pacífica, Zango-0, depois de se proliferarem nas redes sociais questionamentos sobre quem o patenteou, com a idade que tem, e o que concretamente na FAN.
Um sinal invulgar trouxe à tona suspeitas de que se tratava de um fora-da-lei, porque, nos últimos dias, ele próprio, pôs a circular nas redes sociais imagens que revelavam as suas infracções. Mas a avalanche dos comentários empurrou às autoridades a tomar a peito o caso e desencadeando acções investigativas específicas.
Farda nova, distintivos novos e armas de fogo. Ai vem a pergunta: onde arranjou esses meios? No primeiro pronunciamento do porta-voz da Força Aérea Nacional, Brigadeiro Morais Kanambwa, feito esta quinta-feira, nada ficou claro sobre a origem da vestimenta. O responsável admitiu que o jovem em referência, provavelmente, tenha arranjado o material na mesma fonte onde os marginais adquirem tudo o que precisam para ludibriar a sociedade.
“Nunca foi militar”
O Brigadeiro Morais Kanambwa aferiu que o individuo não é militar, não consta da base de dados da Direcção de pessoal e Quadros da Força Aérea. “Compulsados que foram os factos, não consta de nenhuma base de dados de uma instituição de ensino militar, quer superior, quer para especialistas menores da FAN”, asseverou.
Com a sua detenção, disse, vai se repor a imagem das Força Aérea e desmascara-lo, pois, o jovem é “um impostor: usou indevidamente a farda, patentes, símbolos e insígnias militares, arma de fogo, enfim (…) e tudo isso configura um individuo com desvios de personalidade”.
Para a alta patente, a FAN é um órgão que deve ser respeitado. Por isso, o individuo já está a contas com a justiça. “Mais dias, menos dias, será entregue aos órgãos afins, mormente aos órgãos da administração da justiça para aferirem outros quesitos”, disse, salientando que nesta altura, a polícia judiciária militar fez o seu trabalho.
No fundo, disse o porta-voz, o que mais interessa, neste momento, é limpar a imagem daquele ramo das FAA. “Repor o nosso bom nome e aferir que, de facto, continuamos firmes nos nossos propósitos e naquilo que são os propósitos da Força Aérea e das Forças Armadas, no sentido de defender a soberania no país evitando também situações que as redes sociais provocam, principalmente a nível dos nossos efectivos, porque, como vemos, é um individuo que colocou a farda indevidamente, e que está a causar alguns danos, fundamentalmente a nível da imagem institucional e do nosso bom nome”, sublinhou, garantindo que nas “nossas unidades militares este homem nunca esteve”. “Provavelmente, tenha algumas ligações com indivíduos que pertencem à nossa instituição castrense, provavelmente tenha adquirido uma transformação sustentada em relação os factos que ele revela; esse é o primeiro indicio”, enumerou.
Depois, sobre o facto de eles ter estado presente em palestras a falar que era piloto com alguma sustentabilidade, Kanambwa diz tratar-se de desvio de personalidade e terá assumido isso provavelmente em conversas com pilotos reais, amigos e pode construir a sua narrativa no sentido de puder depois “fazer das suas”.
Coronel aos 33 anos? Contas dizem não!
Ser coronel aos 33 anos não é possível, nas Forças Armadas Angolanas. “Repare que a FAN faz recrutamentos especiais. O individuo entra com 20 ou 21 anos, é submetido a testes do ensino médio, com média de 16 ou 14, vai para a academia onde faz testes físicos, académicos e também médicos e 5 anos depois, é promovido a sub-tenente. De subtenente a tenente faz aí 4 anos e de tenente a capitão faz 6 anos; de capitão a major há uma travessia que faz de quase 5 anos. De major a tenente Coronel outros 5 anos e para chegar a coronel outros 6 anos. Visto isso, não é possível com 33 anos ser coronel”, esclareceu, referindo que o individuo precisaria aí de pelo menos 42 anos a construir a sua carreira se tivesse, de facto, a folha de serviço limpa.
Explicou ainda que as Forças Armadas têm 03 pilares fundamentais: comando único, disciplina e a hierarquia. Ou seja, se ele cumprir com as normas e regulamentos dentro da sua unidade, pode progredir e depois chega a esta patente. Ser coronel com 33, isto até lesa os outros coronéis, as pessoas que sempre estiveram na batuta a lutar. “Sabe que a FAN teve um passado de luta e tem um presente de glória…”, distinguiu.