Direcção Central do SIC ‘desfaz’ quadrilha que alugava viaturas top-de-gama em rente-a-car e vendia em preços mínimos
Efectivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), através da sua Direcção Central de Operações (DCOP), propriamente a secção externa das operações de combate aos Crimes violentos e complexo, detiveram, nesta sexta-feira, 30, cinco elementos pertencentes a uma quadrilha criminosa que se dedicava em alugueres de viaturas a uma renta car e, posteriormente, furtavam as mesmas e contactavam intermediários, a fim de comercializar a um preço mais barato, isto no município de Talatona.
Por: Cambundo Caholua
De acordo com o Porta-voz do SIC-Geral, Superintendente-chefe, Manuel Halaiwa, a detenção ocorreu na manhã desta sexta-feira, 30, no restaurante Mirantes, e foram alvos os cidadãos Edmar dos santos, de 25 de idade, Diogo Pedro, de 26 anos de idade, Cristiano André de 24 de idade, Ildibrano Pedro de 42 de idade, e, por último, Carlos Afonso, de 25 de idade.
O cabecilha desta rede, segundo o oficial, é o cidadão identificado por Edmar, mais conhecido por Edy, que já tem antecedentes criminais, e esteve recentemente preso e condenado a uma pena de prisão de três anos, na comarca de Viana, por furto de veículo e burla.
“O acusado dirigiu-se a uma renta-a-car e, inicialmente, alugou uma viatura de marca Suzuki, modelo Swift, de cor branca, com a chapa de matrícula LD-04-53-IH. Na sequência deste aluguer, contactou um intermediário e realizou a venda desta viatura, a um valor de 6 milhões de kwanzas", informou o porta-voz.
Ousadamente, continuou, o referido líder da quadrilha, dirigiu-se novamente a mesma renta-a- car, fazendo-se passar como empresário do mesmo sector, e persuadiu os seus parceiros para alugar duas viaturas, uma de marca Jetour, modelo X70, de cor preta, com a chapa de matrícula LDA-44-74-AA e uma outra, Lande Cruiser VX.
“Uma vez que já havia vendido a primeira viatura, deste dinheiro retirou para pagamento do aluguer das duas viaturas, a fim de serem furtadas e, de seguida, serem comercializadas em províncias diferentes, ou seja, a Jetour seria vendida em Benguela, a um preço de 8 milhões de Kwanzas, enquanto a Lande Cruiser VX, a previsão era para ser vendida na Huíla, ao preço de 18 milhões de Kwanzas, preços muito abaixo daquilo que é o valor de mercado deste tipo de viatura", reforçou.
Edy, o líder da rede criminosa, foi posto em liberdade, recentemente, isto há dois meses, no entanto, segundo Manuel Halaiwa, o mesmo não resistiu o intento do crime e regressou na sua prática criminosa que é de furto de veículos.
Nestas práticas, o criminoso usa sempre documentos de terceiros, ou quando é a sua, uma outra pessoa assina os papéis.
“Mesmo as transferências que foram feitas para esta renta-a-car, foram usadas também por contas de terceiros”, descobriu.
Por outro lado, para conseguir a documentação das viaturas, os criminosos recorriam aos famosos "mixeiros", que ficam defronte a uma identificação para intermediar a emissão de documentos e, por essa via, conseguiam a cópia do proprietário e, pronto para tratar o contrato de compra e venda.
Célio Teixeira António, a vítima que comprou o carro de marca Suzuki, modelo Swift, contou ao Na Mira do Crime como conseguiu perceber que a referida viatura era furtada.
"Faço parte de um grupo no WhatsApp, e o meu amigo mandou umas fotos do carro, e eu me interessei. O pessoal estava a vender a 6 milhões e quinhentos mil kwanzas, eu fiz o pagamento de 5 milhões por transferência bancária, na conta do intermediário, e levei o carro. Só que eles não tinham o documento do carro, nem a cópia do bilhete do proprietário ou o compra e venda, mas tinham o título provisório do carro", começou por contar.
"Então fui exigindo os documentos e eles não me davam. Fiquei com o carro por 5 horas, e quando descobri que um deles havia esquecido os seus documentos no carro, eu fui lendo e encontrei que um dos camaradas tinha passagem na polícia, por práticas do género, então accionei alguém do meu conhecimento e fizemos as diligências", explicou.
Já o representante da renta-a-car, René Pereira, que fez o aluguer das três viaturas furtadas, disse que das transferências feitas pela quadrilha para o aluguer das três viaturas, totalizou 730 mil Kwanzas.
"Cada uma teve o pagamento por transferência. Totalizou um valor de 730 mil kwanzas, que foi feito transferência directamente para a minha conta. Entregamos primeiro dois carros, o outro entregamos hoje, e recebemos a ligação que os carros foram apreendidos porque estavam numa situação de burla ou de roubo”, detalhou.
A Operação do SIC
O Na Mira do Crime sabe que a micro-operação começou na manhã desta sexta-feira, 30, no restaurante Mirantes, situado no município de Talatona, quando operacionais do SIC devidamente identificados, tomarem conhecimento por via do comprador do Suzuki Swift, que estava ‘enrolado’ num crime de burla e furto.
Posteriormente, despoletaram uma acção operativa, onde a vítima marcou um encontro com um dos criminosos. O marginal, já sob detenção, bem instruído, combinou com os demais criminosos, a fim destes irem ao seu encontro para resolverem o problema da documentação do carro.
Os mesmos "morderam a isca", sem se aperceberem que o cenário estava montado para sua detenção.
Segundo apurou este jornal, os operacionais do SIC estavam já no local, uns no interior do restaurante e outros fora, ao passo que aos arredores também haviam outros efectivos.
A quadrilha começou a chegar, primeiro o Diogo Pedro e Carlos Afonso, estes apareceram com uma motorizada, que também está apreendida, e se dirigiram até o local onde estava o lesado.
Mais tarde apareceram os outros três elementos, a bordo das viaturas Lande Cruiser VX e o Jetour.
Os operacionais do SIC não actuaram naquele momento, preferindo aguardar mais alguns minutos para ver se chegaria mais alguém do grupo, no intuito de não atrapalhar a operação.
Após terem notado que pelo tempo já não aparecia mais elementos, os operacionais accionaram o "alarme" e dirigiram-se até ao local onde a quadrilha se encontrava a conversar com a vítima e, de seguida, deram ordem de detenção.
Na mesma operação foram também apreendidos quatro telefones, duas carteiras de bolso, dois multicaixas, título de veículo, chaves e carta de condução.
O responsável do SIC fez saber que os indiciados serão presente ao Ministério Público e ao Juíz de Garantias, a fim de serem aplicadas as medidas coercivas consoante os crimes praticados.