SIC desmantela rede de “mafiosos chineses” que facturavam milhões de dólares por dia com mineração de criptomoedas
Em sede de uma operação conjunta, o Serviço de Investigação Criminal (SIC), através da sua Direcção Nacional de Combate aos Crimes Financeiros e Fiscais, em coordenação com a Direcção de Combate aos Crimes Informáticos deteve, nesta sexta-feira, 03, no município do Sequele, província de Icolo e Bengo, nove cidadãos, sendo 04 de nacionalidade Chinesa, com idades entre 35 e 55 anos, líderes de uma rede de mineração de criptomoeda, e cinco angolanos, na condição de trabalhadores, por factos que configuram os crimes de associação criminosa, mineração de criptomoedas e indícios de branqueamento de capitais.
Por: Alfredo dos Santos Talamaku
A actividade ilegal era desenvolvida num estaleiro clandestino, localizado no Sequele, onde estão instalados três PT's de energia eléctrica ligados à rede pública, devidamente escondidos, que alimentam duas naves com centenas de processadores de mineração de criptomoedas.
De acordo com o Superintendente-chefe Manuel Halaiwa, Porta-voz do SIC-Geral, as actividades eram desenvolvidas de forma dissimulada, ou seja, o estaleiro aparenta ser um local de compra de material de alumínio, como latas e materiais informáticos à base de alumínio que, por sinal, eram moldados, embalados, postos em contentores e exportados.
"Foram encontradas duas naves equipadas com processadores de mineração de criptomoeda,
com mais de 2600 processadores específicos, sendo um do tipo Antminer S19 Pro e outro do tipo Whatsminer M30S, com valor de mercado de 1200 e 1400 USD, respectivamente”, informou.
Foram encontrados no local grandes quantidades de material eléctricos, como cabines, cabos, entre outros, que estavam a ser preparados para a montagem de mais uma cabine eléctrica.
Os factos atestam que a energia eléctrica é abastecida a partir de uma cabine pública de baixa Caviagem que foi alterada a potência de forma a dar suporte a todo o processo.
"Alteram a potência do PT para a criação de outros, a título de exemplo”, disse Halaiwa, três cabines encontradas têm a capacidade de garantir o consumo de energia eléctrica para cerca de três bairros de Luanda, facto que tem gerado grandes constrangimentos e prejuízos às famílias angolanas, porque a energia é desviada para consumo no referido espaço".
O oficial de Investigação Criminal sublinhou que, só em termos de processadores, estima-se que os chineses investiram 3 milhões e 600 mil dólares norte-americanos, fora do material electrónico e informático montado para produção dos bitcoins (dinheiro electrónico), para transacções financeiras.
"As duas naves mineravam perto de 3 mil e 326 bitcoins que, convertidos em dólares, estima-se o equivalente a 320 mil e 868 dólares norte-americanos diario", contabilizou, tendo acrescentado que o consumo da energia eléctrica fica avaliado a 78 Kilowatt.
Avançou ainda haver indícios de branqueamento de capital, assim como outros crimes do género, uma vez que, o material encontrado não seja permitido a entrada em território nacional, pelo facto da prática de mineração de criptomoeda ser proibida no país.
Manuel Halaiwa reforçou que a luta contra a referida prática continuará e, em resultado das acções levadas à cabo pelo SIC, desde o mês de Abril do ano passado, cerca de 20 estaleiros clandestinos ligados a mineração de moeda foram desmantelados, pelo que apelou aos cidadãos a pautarem pela denúncia, que considerou ser um forte aliado para a obtenção de melhores resultados.
"Foram desmantelados estaleiros nas províncias do Zaire, com 01 caso; C. Sul, com 07 casos; Luanda, com 10 casos distribuídos em várias áreas", finalizou.