Grávida perde o bebê após ser brutalmente espancada por um agente da polícia da esquadra do “bate nú”
Uma jovem de 36 anos de idade, de nome Ermelinda Kapango Cândido, perdeu o feto de 23 semanas, por causa da agressão (pontapé no abdómen) de um agente da Polícia Nacional, colocado no posto de polícia da Sanzala, conhecida por Esquadra “bate nú”, localizado no distrito urbano de Viana, município com o mesmo nome.
Por: Matias Miguel
De acordo com a jovem que falou em exclusivo ao NA MIRA DO CRIME, tudo aconteceu na manhã de domingo, 28 de Novembro, por volta das 08horas, quando surgiram dois polícias em sua casa, que sem meias medidas arrombaram a porta, e começaram a esbofetear o seu irmão. “Quando vi o meu irmão a ser agredido, dirigi-me até aos agentes e educadamente perguntei o que se passava, uma vez que, mesmo estando pessoas adultas em casa, proferiam disparates feios”, explicou. No entanto, conta, sem mais nem menos, o polícia virou-se contra ela e disse para se calar senão apanhava também.
“Quando questionei se esta era forma dos polícias tratarem as pessoas, ele veio em minha direcção e deu-me um pontapé no abdómen. A partir daí perdi às forças e comecei a sangrar, de princípio fui transportada para o hospital Ana Paula onde fui aplicada duas injecções, depois fui levada as pressas para o Hospital do Capalanga, para meu azar, o corpo clínico explicou que o feto estava morto”, lamentou.
Na manhã de ontem, terça-feira, 30, a nossa equipa de reportagem ainda encontrou a barriga da vítima grande, mas segundo ela, a barriga ainda estava volumosa porque apenas ontem lhe foi aplicada a injecção que provoca a expulsão do feto.
De acordo com a nossa entrevistada, foram necessárias duas ecografias para dissipar dúvidas do seu esposo, que não aceita ter perdido o feto. “Eu até dei conta que o feto tinha morrido, porque deixei de sentir o batimento normal do bebé, que vinha a sentir desde o segundo mês”.
“Num país justo, deve-se fazer justiça, o polícia tem mulher e irmãs, logo, com certeza, não gostaria ver perder o feto do ente por conta de um irresponsável coberto em farda de autoridade”, desabafou a senhora.
Costa de Castro, de 65 anos de idade, pai de Ermelinda Cândido, revoltado, falou ao NA MIRA DO CRIME que está agastado com o que se passou, e exige que se faça justiça.
“Ele poderia ter morto a minha filha, sem saber que ela é o sustento dos pais, dos filhos e dos irmãos, somos uma família de 8 pessoas e a minha filha é que garante o pão”, disse visivelmente revoltado.
Segundo o ancião, o posto policial do bairro da Sanzala, conhecido por "bate nú" é composto por polícias mal formados, devido às sevícias porque passam aqueles que caem nas malhas destes agentes. “Em pleno Séc XXI, como entender que agentes da ordem batem as pessoas nuas”, questionou.
Óbito fetal, diz corpo clínico
A nossa equipa de reportagem contactou a direcção do Hospital do Capalanga, e na voz do Director-Geral da unidade hospitalar, Mateus Neto, foi-nos informado que a paciente teve um óbito fetal por agressão, de 23 semanas.
“A paciente Ermelinda, deu entrada as 09h37 minutos de domingo, feito os exames de ecografias, por duas vezes, não temos dúvidas desta realidade”.
Polícia Nacional reage
O Na Mira foi até ao posto policial do "bate nú", e ouviu o segundo comandante daquela unidade de policia, que sem se identificar, disse que ao agente em causa lhe foi movido um processo disciplinar, enquanto se aguarda por medidas do Comando Municipal.
Nestes casos, sem que o assunto chega as instâncias superiores, muitos são os agentes que agem desta forma cobarde, e acabam ilibados. No caso em concreto, o NA MIRA promete seguir o desfecho até ao fim.