Crime no Alvalade: Taxista morreu em dia de falida: Acompanha a entrevista do cobrador que assistiu tudo na primeira pessoa
Continua o problema envolvendo quatros marginais altamente perigosos, que na tarde de quinta-feira, 21, em plena Avenida Ho Chi Minh, município de Luanda, bem no coração da cidade, entraram em confronto com agentes da ordem, tendo, durante a troca de tiros, atingido mortalmente o cidadão Alberto Augusto “Beto”, taxista.
Por: Cambimbe Osório
O NA MIRA DO CRIME procurou a casa do óbito, algures no bairro Rocha Pinto, e no local encontrou o cobrador, Santos, que presenciou tudo no dia em que o seu colega perdeu a vida enquanto ambos procuravam o pão para dar aos seus filhos.
Com a voz trémula e rouca de tanto chorar, Santos falou em exclusivo aos microfones do NA MIRA DO CRIME e narrou o terror que viveu naquele dia.
“Eram aproximadamente 17horas e 30 minutos, quando saíamos do São Paulo em direcção ao Largo das Heroínas, iriamos passar pelo Alvalade e chegar ao Zamba 2, mas de repente, sem qualquer aviso ou alerta, começaram os tiros”, lembrou.
Santos, recorda que viu os meliantes, atrapalhados, a tentarem abrigar-se dos tiros atrás do nosso Hiace, “e eu afirmo aqui, matem-me se quiserem, quem disparava naquele momento eram apenas os polícias, pelo fardamento, eram ordem pública, naquela atrapalhação, o Beto tentou abrir um pouco a curva para ir em direcção ao Alvalade, e foi atingido na nuca, repito, na nuca, então não é possível, pela lógica e factos, ter sido um dos meliantes”, atestou.
António Augusto, pai do malogrado, lamenta a posição da Polícia que, sem uma investigação prévia atirou as culpas aos bandidos.
“Quando a família se apercebeu do infortúnio, receberam a garantia de que, sendo uma zona urbanizada e com varias câmaras de vigilância, a família receberia o devido esclarecimento, estou triste com versão passada pela TPA, que alega que o meu filho foi morto por bandidos capturados pela polícia, e o povo todo está feliz, povo está feliz? como assim?”, questionou o pai, desolado.
“Nem sequer primeiro uma palavra de conforto a família recebeu, ademais, os meliantes seguiam atrás do Hiace do meu filho, e a frente já estava totalmente cercado pela polícia, dai o engarrafamento, afirmamos com certeza que os bandidos tentaram fugir e a polícia abriu fogo”, chorou.
Taxista morreu em dia de falida, faltam meios para o óbito e funeral
O pai do malogrado, diz não ter absolutamente nada para dar acompanhamento ao óbito ou funeral.
“Naquele dia o Beto recebeu o carro por um dia apenas, era falida para ajudar nas despesas de casa”, lamentou.
Polícia não dá informação do caso
Jacobino, irmão da vítima, alega não perceber as voltas da polícia, diz que o caso foi entregue a 5ª Esquadra.
“Hoje (ontem-sexta-feira, 22) nos mandam ir ao Comando Provincial e lá quase que não dão informações plausíveis, ninguém se responsabiliza, a verdade é que o meu irmão foi, está aí esposa, nem ficar de pé consegue”, apontou para a esposa do malogrado, visivelmente abalada.
Lázaro, amigo direito de Beto, disse que a vítima era uma pessoa de bem, sonhava deixar a vida de táxi para uma melhor, pertencia a Staff Carlsberg, e diz que o grupo já não será o mesmo. O malogrado deixa esposa e duas filhas de 5 e 9 anos de idade.
SIC no encalço da situação
Fonte da Investigação Criminal em Luanda, disse a este jornal que tudo está a ser feito para saber de onde partiu o tiro que vitimou o jovem taxista.