Morte do Juiz Adilson - SIC e PGR no Huambo acusados de engavetar o processo e familiares pedem investigação aturada
O Serviço de Investigação Criminal (SIC) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), na província do Huambo, estão a ser acusados de ‘engavetar’ o processo do juiz Adilson Nascimento Sapalo Manuel, falecido aos 33 anos de idade, por suposto acidente de viação ocorrido no dia 14 de Maio de 2023.
Por: Laurentino Tchatuvela
A família do malogrado contactou o jornal Na Mira do Crime, e revelam que o malogrado juiz do município do Bailundo, província do Huambo, não morreu por acidente, porque, tudo indica que houve perseguição durante muito tempo por parte de pessoas desconhecidas, e há evidencias que seja homicídio muito bem organizado.
A investigação policial, segundo a família, refere que o juiz Adilson Nascimento Sapalo Manuel embateu contra um autocarro na calada da noite, quando este supostamente conduzia em estado de embriaguez, depois de ter saído de uma festa.
No entanto, a mãe do malogrado, Maria Luiza dos Santos Sapalo Manuel, residente no município do Lubango, província da Huíla, discorda.
Em exclusivo ao Na Mira, conta após ter recebido uma ligação de seu tio, isto no dia 14 de Maio do de 2023, por volta 15 horas e 45 minutos, anunciando o acidente que o seu filho terá sofrido por causa de suposta embriaguez, viajou de imediato à província do Huambo, e encontrou o corpo do seu filho na morgue.
“Depois de ser realizado o funeral, isto na província da Huíla, a minha família regressou ao Huambo, e dirigimo-nos ao SIC para saber como ocorreu o sinistro, assim como aferir onde o meu filho havia batido com a sua viatura, mas infelizmente não foi possível mostrarem qualquer vestígio do dito acidente”, recordou.
A nossa entrevistada conta que o autocarro onde Sapalo havia embatido foi devolvido no mesmo dia da ocorrência ao proprietário, e a polícia não permitiu que a família tomasse contacto com a viatura conduzida pelo malogrado aquando do acidente, deixando-os a suspeitar se houve ou não acidente de viação.
“Como havia muitas teorias sobre o acidente que culminou com a morte do meu filho, solicitamos que se fizesse autópsia, porque alguns diziam que o meu filho saía de uma festa e conduziu em estado de embriaguez”, ressaltou.
Após o resultado da autópsia, conta, o especialista da área informou à família que não se detectou álcool no organismo do falecido.
“Na autópsia notou-se que o falecido teve uma perfuração na cabeça, mas no carro não havia nenhum objecto contundente ou um ferro solto na chaparia que causasse tais danos”, analisaram.
Dona Maria Luzia dos Santos, afirma que, conforme encontrou o seu filho na morgue, havia indícios suficientes para se aferir que a morte do seu filho nada tinha a ver com acidente, e acusa o SIC e a PGR de ignorar o assunto, sobre alguém que foi referência no Bailundo e não só.
“Há muita lentidão no andamento do processo, para se apurar a verdade sobre a morte do juiz Adilson”, observou.
A família diz que depois do acidente manteve um encontro com o vice-governador do Huambo, Edmundo Elavoco, que também esteve presente no local no local do acidente, e diz este que foi de opinião que tinha que se abrir um processo junto do Serviço de Investigação Criminal, para se apurar o que terá levado a morte do jovem juiz.
“Depois de apresentarmos o caso ao SIC, não houve nenhuma resposta. Na altura surgiram várias vertentes com relação ao acidente; até o Juiz presidente do Huambo e outros colegas do meu filho, não deram nenhum depoimento à família a respeito do assunto”, lamentou.
A mãe do malogrado explica que na insistência de tirarem o caso ‘a limpo’, deslocaram-se à 6ª Esquadra onde o carro de marca Toyota, modelo Fortuner, atribuída ao Adilson e que estava envolvida no referido acidente estava estacionado, “encontramos um juiz que dizia que deveríamos tirar o carro daquele local, porque ali não estava seguro, ao questionarmos sobre o caso, nos foi dito que o tribunal havia sido assaltado".
"No local onde se encontrava a referida viatura, encontramos dois sacos de compras de plástico azul e não estavam amassados. Pela magnitude do acidente, como foi descrito, aqueles sacos estariam completamente destruídos; outra situação que nos chamou a atenção foi o recipiente de água que também encontrava-se intacto", explicou a senhora.
A família suspeita que, devido ao silêncio a que a PGR e o SIC se submeteram, apercebe-se que alguma coisa está por detrás do caso.
SIC e PGR prometem pronunciamento nos próximos dias
O Na Mira do Crime contactou o Porta-voz do SIC-Geral, Superintendente-chefe, Manuel Halaiwa, assim como o Porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Álvaro João, que prometeram um esclarecimento sobre o caso nos próximos dias.