Polícia acusada de dar cobertura: Alimentação precária e falta de condições de trabalho causam a morte de angolanos na empresa chinesa Niobonga na Huíla
Alimentação precária e falta de condições de trabalho são apontadas como principais causas da morte de funcionários angolanos que trabalham na empresa chinesa denominada Niobonga, filial da Chinangol, vocacionada na exploração de nióbio, no município de Quilengues, província da Huíla.
Por: Laurentino Tchatuvela (Huíla)
Diante da situação, os trabalhadores têm pedido a Direcção da empresa empregadora que melhore a situação laboral e alimentícia, no entanto, reclamam que tais pedidos não têm sido atendidos, remetendo-os a situação de escravidão laboral.
Segundo denúncia apresentada em exclusivo ao Na Mira do Crime, a empresa chinesa, em parceria com o Governo angolano, explorar nióbio, um produto para fabrico de placas de aviões e não só obtendo muitos lucros, que não repercute na vida dos cidadãos.
Nos último dias, os trabalhadores decidiram realizar uma manifestação com objectivo de reivindicar melhores condições de salário e trabalho, tendo a direcção da empresa pedido uma semana para analisar o caso.
No dia combinado, a entidade empregadora falhou o compromisso.
Devido a essa "ignorância" que os trabalhadores entenderam como falta de respeito, os mesmos paralisaram todos os trabalhos.
"Passando algum tempo a direcção dialogou connosco, mas não surtiu efeito porque não cumpriram com nenhuma promessa", reclamaram.
O colectivo de trabalhadores angolanos pede a intervenção de quem de direito, no sentido de se ultrapassar tal situação que, dizem, não beneficia ambas partes.
Os operários pedem a exoneração de Adérito Leitão, responsável dos trabalhadores angolanos e responsável dos recursos humanos, por causa dos descontos exorbitantes de salários sem prévia explicação.
"Já apresentamos o pedido de exoneração de Adérito Leitão, mas a direcção da empresa chinesa negou o pedido dos trabalhadores", argumentaram, acrescentando que o acusado é useiro em práticas de corrupção e abuso de poder.
Os trabalhadores denunciam igualmente que a água que consomem é imprópria, assim como a alimentação, e este motivo tem ceifado a vida de muitos s trabalhadores.
"De forma educada, durante a manifestação, pedimos que fôssemos tratados de outra forma, mas em contrapartida, a direcção da empresa chinesa mandou chamar a polícia para intimidar os manifestantes", denunciaram.
No dia 01 de Agosto do ano em curso, contam, um grupo de efectivos da Polícia Nacional, encabeçada pelo comandante municipal de Quilengues, aferiu a real situação sobre as queixas dos trabalhadores e manteve uma conversa amena com a direcção chinesa, sem que se saiba a que conclusões chegaram.
"Depois disso regressaram à sede municipal".
Para espanto dos trabalhadores, mesmo não havendo vandalização nem violência, no dia seguinte depararam-se com uma patrulha da Polícia de Intervenção Rápida, totalmente equipada, vinda do Lubango.
Após encontro com a entidade empregadora, nos foi passada a responsabilidade de se dialogar com os dois comandantes, o da Polícia Nacional e o da Intervenção Rápida, na pessoa do Intendente Agostinho Ferramenta.
Os trabalhadores consideram que não seria a polícia a resolver a situação e sim a direção da empresa com os trabalhadores, uma vez que é a entidade empregadora a responsável pela resolução de todos problemas em causa.
"Os dois comandantes convidaram os trabalhadores a entrarem na empresa e, junto da direção, começaram a proferir ameaças aos trabalhadores, obrigando que tínhamos que trabalhar forçosamente, mesmo que não seja resolvida a situação salarial, entre outras questões, num sinal de imposição", lamentaram.
Naquele momento, referem, os trabalhadores mantiveram-se serenos, tendo a polícia convocado uma reunião que começou às 6 horas e terminou às 21 horas, mas sem consenso!
"São pelo menos 1.000 trabalhadores que se encontram nesta situação totalmente difícil, na empresa chinesa denominada Niobonga que se encontra no município de Quilengues", alertaram.