Supercarros de filho de Obiang vão a leilão na Suíça
Não é obrigatório comprá-los todos, se se quiser juntar, por exemplo, um Lamborghini Veneno à colecção de carros de luxo lá de casa - este leilão não é para pobres nem remediados, tem de se ser muito rico para pensar no assunto -, basta oferecer o valor mais alto no leilão que tem lugar hoje, sendo que o valor comercial de tal bólide ronda os 6 milhões USD.
Mas há mais para fazer brilhar qualquer garagem no lote de carros de superluxo que em tempos pertenceram ao filho do Presidente da Guiné Equatorial, Teodorin, sendo ainda o seu vice-Presidente desde 2012.
Entre as beldades à espera de novo dono estão sete Ferraris, três Lamborghinis, cinco Bentleys, um Maserati e um McLaren F1.
Os desmandos do filho do Presidente Obiang são famosos em todo o mundo e enchem páginas de jornais há vários anos, devido a acusações sucessivas de desvio de milhões de dólares do Estado ao mesmo tempo que a população da Guiné Equatorial - apenas 1,2 milhões - vive com um dos piores índices de desenvolvimento humano da ONU entre os países produtores de petróleo.
Estas viaturas foram todas apreendidas a Teodorin Obiang e os especialistas notam que se trata de um lote de valiosos carros de luxo que, ainda por cima, contam poucos quilómetros percorridos, sendo esse um chamariz suplementar para os licitadores que hoje estiverem na Suíça ou online em busca da melhor oportunidade.
A apreensão destas viaturas únicas foram confiscadas pela justiça helvética em 2016 no âmbito de um processo judicial contra Teodorin, filho de Teodoro, que governa a Guiné-Equatorial com mão-de-ferro há quatro décadas e com um largo legado de corrupção e peculato.
Embora os procuradores locais tenham acabado, como recordam as agências, por desistir do processo, mantiveram o confisco das viaturas, porque o sistema legal suíço permite retirar as queixas se os acusados, de livre vontade, repuserem as falhas que sobre eles pendem, o que neste caso foi conseguido, pelo menos em parte, com a retenção das luxuosas viaturas.
Com esta apreensão, o reputado playboy africano "lusófono" - a Guiné Equatorial foi o último país a integrar a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) - safou-se de um processo judicial na Europa, e, depois, no ano seguinte, em 2017, voltou a conseguir uma pena suspensa de 3 anos de cadeia em França, por acusações de desvio de dinheiro no seu país para comprar imobiliário de luxo em Paris, incluindo um apartamento na zona mais exclusiva da capital francesa, um conjunto de caros objectos de arte e uma frota de carros de luxo.
Para além de ceder os bens, foi obrigado a pagar uma multa de mais de 30 milhões de dólares.
Recorde-se que sobre Teodorin está ainda um caso brasileiro, país onde foi encontrado com mais de 16 milhões USD em dinheiro e relógios durante uma visita privada ao país, embora não tenha sido condenado depois de o Governo a que pertence e é liderado pelo seu pai, ter dado garantias de que se tratava de verbas destinadas a tratamento de saúde e os relógios eram de uso pessoal.
Apesar deste traçado de suspeitas e condenações por todo o mundo, Teodorin Oiang, de 51 anos, deverá suceder ao seu pai, actualmente com 77, na condução dos destinos da Guiné Equatorial, um país onde diversas ONG internacionais garantem existir um dos regimes mais corruptos do mundo e com larga tradição de manipulação eleitoral que garantem sucessivas vitórias com percentagens esmagadoras - sempre superiores a 90 % - e perseguições políticas severas aos opositores.