Levaram sem mandado de busca e apreensão: Supostos agentes do SIC acusados de furtar viatura numa oficina da Sapú II
Dois supostos agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC), colocados na esquadra da Sapú ll, município de Belas, identificados apenas por "Macabalo", e "Joãozinho", são acusados de terem furtado uma viatura de marca Toyota, modelo Hiace, vulgo quadradinho, com a chapa de matrícula LD-04- 81-FZ, num dos parques localizado no bairro da Sapú ll.
Por: Kihunga Bessa
Em declarações ao jornal Na Mira do Crime, a vítima, Valódia António Kabungula, conta que no ano de 2015, comprou a referida viatura para sua esposa Deolinda Manuel, no Dubai capital dos Emirados Árabes Unidos, no valor 26 mil dólares norte-americanos.
Depois de vários serviços de táxi, teve uma avaria na zona do 11 de Novembro e decidiu puxa-la até a um parque localizado na zona da Sapú ll, onde vive um dos seus tios.
Conta o nosso entrevistado que, no pretérito dia 19 de Outubro de 2022, por volta das 09 horas, tomou conhecimento da renovação do pagamento do estacionamento da sua viatura que se encontrava no aludido parque.
Através de um telefonema do seu tio, Carlos Francisco, mecânico que reparava a viatura, soube que, naquele momento, um grupo de agentes do SIC encapuzados, munidos de armas de fogo, a bordo de 02 carros-patrulha da polícia e um carro pronto-socorro, cercou a rua impedindo os transeuntes de se aproximarem de modo a inviabilizar a captação do número de matrícula e, sem exibir um mandado de busca e apreensão, depois de terem preparado as condições de actuação, introduziram-se no quintal da residência, e com um veículo reboque removeram a viatura acima referenciada.
Segundo o denunciante, saiu de casa e dirigiu-se até ao parque onde estava a viatura, mas já não os encontrou e, consciente de que foi levada por agentes da Polícia, este começou a procurar nas esquadras situadas naquele município, tendo encontrado a viatura na zona da Sapú ll, por volta das 15 horas, mas parcialmente desmanchada.
Procurou saber ao piquete da polícia como é que a sua viatura foi lá parar, e o agente em serviço orientou-lhe a contactar a secção do SIC local de modo a obter melhores informações.
Já no SIC, foi recebido por um responsável apenas identificado por "Macabalo" que alegou que a referida viatura estava sob sua responsabilidade.
"Posto lá, ele perguntou-me de quem era a viatura e respondi que era minha. A seguir, pediu-me a documentação da mesma e a mostrei", disse.
Acrescentou também que, depois, foi orientado a ir ao comando municipal de Viana, onde encontrou um dos seus colegas que o apresentou ao chefe do SIC, identificado apenas por Sr. Santos que disse desconhecer o caso, e pediu ao lesado a participar a situação àquele comando municipal.
"Feita a participação, estes deram conta que estavam envolvidos os seus colegas e o processo ficou engavetado aí mesmo", informou.
Dada morosidade na tramitação do seu processo, pediu para que este fosse transferido para a inspecção da Direcção Provincial do SIC-Luanda e teve como instrutor Miguel Tomás, que também nada fez para que o processo andasse para frente.
"Perguntou-me se sei o que estava a fazer por se tratar de acusações sérias; sentia que o instrutor também tinha medo. Até à data presente, não sei das razões que os motivaram a levar a minha viatura", disse o lesado que clama por justiça.
Este jornal contactou um dos acusados, na pessoa do Sr. Macabalo, para saber sobre as acusações, e este negou estar envolvido em qualquer escândalo criminal.
"O facto de o ter atendido, não implica dizer que eu sou um dos autores do referido crime porque se assim fosse, o SIC já me teria detido", salientou.
No entanto, certo é que a viatura continua no mesmo local, sem a placa, sem a caixa de velocidade, com a instalação incompleta, sem o veio de transmissão, pedais, travão, radiador, rádio, painéis e outros objectos.