MP tem 'relações' com o arguido: Tribunal Dona Ana Joaquina adia pela terceira vez julgamento de efectivo do SIC que matou jovem de 23 anos
O juiz da 5ª secção, do Tribunal de Comarca de Luanda, no Palácio Dona Ana Joaquina, cujo nome não foi identificado pelo Na Mira, adiou pela terceira vez a sessão de julgamento, em que é arguido um efectivo do Serviço de Investigação Criminal (SIC), identificado nos autos por Leonardo Fernandes Chico, acusado de ter assassinado, em Novembro de 2023, o jovem Humberto Afonso Calunga de 23 anos, com dois tiros nas costas.
Por: Cambuta Vieira
A audiência inicialmente marcada para esta terça-feira, 10 de Setembro, depois de já ter conhecido dois adiamentos voltou a registar o terceiro adiamento.
Desta vez, o pretexto apresentado pelo juiz da causa, segundo Fernando Manuel Calunga, um membro da família da vítima, é que o digno representante do Ministério Público tenha algum grau de parentesco ou de afinidade com o arguido, situação que coloca o magistrado inelegível para arbitrar de forma neutra o julgamento por ter interesse que uma das partes seja ilibada.
"Fomos informados pelo juiz que a audiência foi adiada, porque o Ministério Público e o homicida têm conluio, ou seja, presume-se que sejam conhecidos. Por esse motivo, foi nomeado um outro magistrado para acompanhar o processo, mas que, por força de agenda, se encontra reunido em Viana", frisou.
Todavia, de acordo com o familiar, os constantes adiamentos das sessões de julgamento tem deixado entristecido os familiares da vítima que, volta e meia, são obrigados a fazer gastos com o transporte de ida e volta ao tribunal, "sem falar dos transtornos causados por essa situação".
"Estamos a notar que não há lisura na condução deste processo, nem há transparência. Para vir assistir cada sessão de julgamento gastamos em torno de 15 mil kz porque não temos transportes pessoais e isso é cansativo para qualquer um de nós", lamentou.
Este familiar da vítima desconfia mesmo que, "o facto do representante do MP ser conhecidos do arguido, deve ter motivado a soltura do réu. Aliás, o próprio tribunal também ficou surpreso, sem saber de onde veio a soltura do homicida", denunciou.
Entretanto, depois desse adiamento, a próxima sessão foi remarcada para às 10 horas do dia 24 de Setembro.