Militares das FAA acusados de matar jovem de 19 anos no Kalawenda para silenciar roubo de motorizada
Um morador da rua Bom Deus, no Malueca, no Distrito Urbano do Kalawenda, município do Cazenga, identificado pelo nome de João Carlos Mateus Mucuta ou simplesmente "De Levá", de apenas 19 anos de idade, foi encontrado sem vida com o corpo perfurado por balas de arma de fogo, na sexta-feira, 20, depois de sair de uma festa de rua no bairro. Familiares do malogrado acusam três cidadãos que simulavam o ajudar na recuperação da sua motorizada desaparecida de serem os autores da morte.
Por: Mário Cunha
Segundo uma fonte familiar, trata-se dos cidadãos apenas identificados por "AD", de aproximadamente 28 anos (desertado das FAA); Gelson, de 18 de idade, e o Pitbull, de aproximadamente 38 anos (militar activo).
Estes, na visão da família, são os indivíduos que furtaram a motorizada do malogrado que já desconfiava com eles. Ainda assim, os convidou para o ajudarem a localizar o meio de transporte em causa, numa altura em que já havia pistas de que às pessoas a quem pediu ajuda é que tinham, na verdade, o furtado.
De acordo o irmão do malogrado, Sebilson Mateus Mucuta, de 26 anos, tudo acorreu por volta das 03 horas de sexta-feira, 20, quando ouviram os disparos, momentos depois de ele abandonar a festa.
"Naquele momento, pensei no meu irmão, mas não estava muito preocupado por saber que o recinto da festa era todo fechado e ele estava dentro com pessoas, incluindo o padrinho dele", lembrou Mateus, frisando que por voltas das 06 horas, recebeu a informação vinda de um colega de trabalho que caminhava para o serviço, segundo a qual, familiares choravam pela morte do seu irmão.
O pai de João Carlos, o senhor João Mucuta, de 52 anos de idade, disse que o seu filho foi morto por causa da motorizada do irmão, a fim de ser silenciado, depois de se ter apercebido que os acusados estão envolvidos no furto da motorizada.
“Mas antes da morte, o malogrado já havia revelado toda a verdade à família”, disse.
A motorizada despareceu quando foi visitar a sua namorada.
João Carlos contou à família que “foi o Gelson quem arquitectou o roubo, porque ele já sabia onde ficava a moto; até o convidei para irmos juntos para visitar a minha namorada, mas ele recusou-se".
Para o pai do malogrado, a arma usada no crime não é da polícia. “Pareciam balas de uma pistola makarov”, patenteou.
O pai conta ainda que no momento da procura da motorizada, José falou que o amigo o desviava da direcção que achava correcta para encontra-la, mas porque o tempo passava, ao anoitecer, deu participação na esquadra, evocando o caso.
No dia seguinte, no período da manhã, José ligou para Gelson a dizer que recebeu a pista que dava conta que um jovem conhecido por “Caosso” era o mentor do roubo da motorizada.
Gelson, por sua vez, ligou para o AD, esse último também ligou para um amigo e colega, no caso o Pitbull, que não faz parte de leque de amizades de José.
Depois de José constatar o estado de saúde de Caosso, concluiu que não era o prevaricador, apesar de ser um reincidente em tais práticas.
Mucuta, inconformado com a morte do filho, disse que no momento do óbito, isso na sexta-feira, enquanto estava no hospital a tratar o assunto da autópsia, recebeu uma ligação da família, dando conta que Gelson, AD e Pitbull estavam em casa revelando que a motorizada do malogrado tinha aparecido em Catete.
Mucuta decide falar com eles ao telefone e foi surpreendido pelos acusados que exigiam 150 mil Kwanzas para resgatar a referida motorizada.
Imediatamente, foi accionado o Serviço de Investigação Criminal a quem foram apresentadas algumas provas, como áudios das conversas mantidas.
Numa dessas conversas é possível ouvir ameaças de morte a José, irmão do defunto. Fruto disso, foi possível deter um dos acusados: Pitbull, bem como recuperar a motorizada que se encontra estacionada na 16ª esquadra de polícia do Kalawenda. Os outros dois implicados estão foragidos.