Mais de 30 horas de trabalho: Empresa Chinesa “ANGO SUYE” acusada de maltratar e despedir nacionais por reclamarem os seus direitos
A Direcção da empresa ANGO SUYE de direito chinesa, responsável no fabrico de sacos plásticos, embalagens e não só, localizada no bairro 101 brigada, distrito urbano do Sequele, no município de Cacuaco, está ser acusada de ter demitido cinco trabalhadores de forma injusta, por reclamarem os seus direitos e denunciarem maus tratos por parte dos cidadãos asiáticos.
Por: Kihunga Bessa
Tratam-se dos nacionais Silva Nkaku, Celestino Valela, Teresa Canga, Angelina Naninha e Silva José Kadunga ambos funcionários da zona de reciclagem daquela unidade fabril, com mais de 50 trabalhadores desde nacionais e estrangeiros, que enfrentam várias dificuldades.
De acordo com Silva Nkaku, de 40 anos de idade, morador do bairro da Pumangol, pai de cinco filhos, em Fevereiro de 2021, foi o início do arranque das obras na área da reciclagem, data em que o mesmo começou a prestar serviço como vigilante, durante um ano e oito meses.
"Como acompanhei a montagem toda, fui efectivado e comecei a trabalhar como operador", disse.
Acrescentou que, como operador trabalhou aproximadamente um ano, face aos constantes acidentes que ali acontecem e a escravatura que são submetidos, decidiu voltar para vigilante.
"O trabalho como operador é muito duro, em sistema de turno, começamos a trabalhar às 6 horas e 30 minutos e largamos às 17 horas do dia seguinte, sem alimentação, sem equipamentos de segurança, vendo este sofrimento preferi voltar a prestar o meu primeiro serviço", informou.
Os nossos entrevistados explicam que além dos maus tratos, a empresa efectua descontos anárquicos, situação que deixa os trabalhadores insatisfeitos.
Contam que no dia 27 de Julho do corrente ano, três deles decidiram reunir com a direcção da referida empresa, no intuito de reivindicar os seus direitos, daí foram vistos como agitadores, e no dia seguinte foram demitidos sem receberem os seus ordenados, e a direcção da empresa manda-os queixarem-se onde quiserem, porque não dará em nada, e alegam que em Angola o que está em jogo é o dinheiro.
“Estamos em casa há dois meses, e diante da situação, procuramos ajuda na Inspecção Geral do Trabalho (IGT)”, mas, dizem que nada adiantou porque foram orientados a constituir advogado para dar seguimento ao caso.
"Procuramos um advogado, Dr. Óscar, no sentido de vermos a nossa situação resolvida, mas na verdade não sabemos o que se passa, porque também até aqui não diz nada, sentimo-nos abandalhados", reclamaram.
Na sexta-feira, 27, O Na Mira do Crime rumou até àquela unidade fabril, para ouvir a versão da empresa.
Recebidos por um gestor, identificado como Cristiano Lucas, este reconhece terem errado na demissão de quatro funcionários, e explica que há uma negociação entre a direcção da empresa e o advogado, para que os mesmos regressem aos seus postos de trabalho.
No entanto, para o caso de Silva Nkaku, operador, o gestor diz não haver mas espaço para ele, pelo facto deste ter causados vários prejuízos a empresa, quando prestava serviço de Segurança.
"Por isso que ele pode recorrer onde quiser, estamos prontos a responder", afirmou.
Este jornal contactou o advogado óscar, para saber em que pé está a situação dos funcionários, este informou que há, de facto, uma negociação com a direcção da referida empresa, para a indemnização dos lesados.
"Demos uma proposta de indemnização e a empresa até aqui ainda não respondeu, vamos aguardar até terça-feira 01 de Outubro, se continuar em silêncio, vamos encaminhar para o tribunal ", prometeu.
O jornal Na Mira do Crime sabe que a empresa chinesa recebeu recentemente visitas de órgãos como a IGT e a ANIESA, que deixaram algumas recomendações para cumprimento imediato, por causa de várias irregularidades ali constatadas, como a falta de segurança no local de trabalho, falta de refeitório, entre outras.
Importa referir que a Inspecção Geral do Trabalho (IGT), órgão tutelado pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), tem realizado, a campanha "Operação Trabalho Digno" com objectivo de constatar e garantir a preservação da dignidade humana nas empresas de comércio, indústria extractiva e transformadoras.