Os 45 dias 'cruciais' de Eugénio Laborinho: Segurança do Estado assume MININT e “vai tocar onde dói mais”
Através de um Decreto Presidencial, publicado na noite de sexta-feira, 25 de Outubro, o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, nos termos da Constituição da República de Angola e depois de ouvido o Conselho de Segurança Nacional, exonerou as seguintes chefias militares: - José Coimbra Baptista Júnior, do cargo de Chefe-Adjunto do Serviço de Informação e Segurança do Estado; - Comissário-Chefe de Investigação Criminal António Paulo Bendje, do cargo de Director Geral do Serviço de Investigação Criminal; - Comissário de Migração João António da Costa Dias, do cargo de Director Geral do Serviço de Migração e Estrangeiros; - Comissário de Investigação Criminal Fernando Manuel Bambi Receado, do cargo de Director-Geral Adjunto do Serviço de Investigação Criminal; - Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva, do cargo de Director do Corpo Especial de Segurança para Minerais Estratégicos.
Na sequência, o Comandante-Em-Chefe das FAA, nos mesmos termos constitucionais e também depois de ouvido o Conselho de Segurança Nacional, nomeou Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva, para o cargo de Director Geral do Serviço de Investigação Criminal e José Coimbra Baptista Júnior, para o cargo de Director Geral do Serviço de Migração e Estrangeiro.
Nestas mexidas, salta a vista duas nomeações
Diante deste cenário, estamos a olhar para dois órgãos executivos do Ministério do Interior, que poderiam muito bem ser dirigidos por quadros seniores destes órgãos, mas que estrategicamente não ocorreu.
A questão que a classe castrense coloca neste momento é: Por que destas nomeações de efectivos seniores provenientes do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SINSE) que anteriormente tinham até estatuto equiparados a Secretários de Estado?
O Na Mira do Crime foi em busca de respostas nas zonas mais sensíveis desta classe e fomos informados o seguinte: Está em curso uma intervenção urgente da Segurança do Estado o SINSE a estes dois órgãos do Ministério do Interior, porque há zonas com muita fragilidade que colocam em risco a Segurança Nacional.
À nível do SIC, por exemplo, diz a nossa fonte, o combate à criminalidade violenta, crimes cibernéticos, tráfico de droga, contrabando de combustível e exploração ilegal de minerais estratégicos, que na sua maioria parte são autores cidadãos estrangeiros, nomeadamente: chineses, nigerianos, brasileiros e congoleses democráticos, estiveram na base da exoneração do seu titular.
À nível do SME, um órgão que combate a ilegalidade migratória e regula os fluxos circulatórios legais de pessoas, isoladamente e em colaboração com as autoridades nacionais e internacionais a situação é mais grave: Nos últimos tempos, este órgão tem sido alvo de uma avaliação negativa, aqui (no Na Mira do Crime) espelhada várias vezes, a contar com o debilitado serviço que presta, bem como denúncias sobre atribuições de cartões de residente e outros documentos a cidadãos estrangeiros, com particular realce aos chineses, árabes, malianos, eritreus, libaneses, indianos e tantos outros que aproveitam desta qualidade para desenvolverem actividades ilegais no sector do comércio, com a conivência e protecção de altas entidades do SME, com graves riscos da segurança económica nacional. Aí, para não falar do nepotismo a que este órgão está submetido.
“Sendo o Serviço de Informações e Segurança do Estado, destinado a produzir informações, análises e a realização de medidas e acções de inteligência e de segurança do Estado, visando a garantia da segurança interna do País, a preservação do Estado Democrático de Direito constitucionalmente estabelecido e a protecção da população contra ameaças e vulnerabilidades, a colocação destes dois quadros seniores, demonstram uma clara urgência de acudir graves debilidades ou fragilidades que o SIC e o SME apresentam, que põem em risco a segurança nacional”, caucionou.
No entanto, uma outra fonte deste jornal faz saber que, para a exoneração destes dois quadros (SIC e SME), o ministro do Interior não foi tido em conta, ou seja, também foi apanhado de surpresa. Porém, engana-se quem pensa que a ‘cirurgia’ no Ministério do Interior está terminada.
Os próximos 45 dias serão cruciais para o pelouro de Laborinho, estando o mesmo a ser escrutinado sobre toda sua actividade neste órgão de suma importância.
A amizade com o mais alto mandatário do País, sublinham, não está a ser tida em conta, neste momento o Ministério do Interior está sob responsabilidade da Segurança do Estado, que tem carta-branca para ‘deixar cair’ qualquer quadro que ache necessário para o normal funcionamento do MININT.
Nesta ordem de ideia, é importante que os generais do MININT das diversas facetas estejam próximos dos termómetros e esfigmomanômetro, porque a lipoaspiração só agora começou e promete tocar onde mais dói.
Transformando em miúdos, os próximos 45 dias serão cruciais para a permanência ou não do ministro “General” Eugénio César Laborinho, que nasceu aos 10 de Janeiro de 1955, na província de Malanje, filho de Armando César Laborinho e Natália Ferreira de Andrade, nomeado a 24 de Julho de 2019, substituindo o antigo ministro, Ângelo Veiga Tavares.
Por: Na Mira do Crime