Corrupção no RH do SME: Homem suspende formação de mais de 7 mil jovens a 03 dias do encerramento
Cerca de 7. 000 jovens que se encontravam no Centro de Formação do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME,) em Viana, viram o curso a ser suspenso, sob orientação do novo Ministro do Interior, Manuel Homem, na sequência de descoberta de irregularidades, no processo de ingresso.
Por: Lito Dias
Fonte deste Jornal revelou que os instruendos foram surpreendidos na manhã desta segunda-feira, 25, com a informação da suspensão imediata do curso, depois de sete meses de formação.
Ademais, todos foram obrigados a entregar as fardas. "Esta situação difícil acontece numa altura em que faltavam três dias para o encerramento, no dia 28 do corrente”, sublinhou.
O que estará na origem do enredo?
Nos últimos dias, despoletaram informações, segundo as quais Teodorca Sampaio, Chefe do Departamento de Recursos Humanos dos Serviços de Migração e Estrangeiros foi apontada como protagonista de actos de corrupção activa, o que forçou a entrada em cena da IGAE que descobriu uma teia de corrupção.
De acordo com as denúncias, Teodora estaria a cobrar uma quantia de dois milhões e quinhentos mil kwanzas de cada efectivo que conseguisse enquadrar no SME.
Além disso, foram encontrados 378 milhões de kwanzas na sua conta bancária, valor relacionado a um curso destinado, inicialmente, a dois mil novos funcionários. Contudo, em decorrência da ganância, o número de efectivos aumentou para sete mil, cujos nomes já constam na base de dados da instituição.
As fontes também indicam que Teodora trabalhava directamente com o director de Recursos Humanos do Ministério do Interior, Froz Adão Manuel.
A direcção do SME, uma instituição crucial para a segurança do país, tem enfrentado sérias falhas na efectivação das suas responsabilidades.
Este não é o primeiro caso de corrupção envolvendo a instituição; há dois anos, um escândalo semelhante havia comprometido sua credibilidade.
Apesar das promessas de uma nova era de governança, os crimes administrativos continuam a ser uma realidade, com denúncias de nepotismo e corrupção em voga.
O recrutamento ilegal de novos funcionários, que favorecia pessoas estranhas à instituição em detrimento de funcionários com mais de trinta anos de serviço, é um claro exemplo dessa prática desonesta.
Em um episódio marcado por falta de transparência, a direcção do SME teria convocado recrutados secretos a se apresentarem na Escola do 30, num sábado, em Julho de anos anteriores.
Na ocasião, as direcções do SME e do Ministério do Interior se isentaram de responsabilidades, enquanto o Director Geral do SME "fugiu" para os Estados Unidos, o director de Recursos Humanos se refugiou no Brasil, esperando que o escândalo fosse esquecido.
Essas irregularidades geraram um grande descontentamento entre os funcionários, especialmente os mais antigos, que se sentiram traídos após anos de lealdade à instituição.
Muitos desejam ver seus filhos inseridos no mercado de trabalho, mas se sentem frustrados diante da corrupção que entremeia a instituição.
Diante desse cenário, os funcionários consideram urgente que as autoridades competentes realizem uma investigação minuciosa sobre os actos de Teodora Sampaio e de outros envolvidos.
Eles clamam por medidas rigorosas contra a corrupção, que não apenas prejudica os funcionários, mas compromete a segurança e a integridade do Estado.
As fontes pedem que o governo não feche os olhos para essas práticas nocivas e que o SME, uma instituição essencial para a segurança nacional, retome sua seriedade e compromisso com a ética, para restaurar a confiança nas instituições.
Este Jornal sabe que com este despedimento, muitos instruendos estão sem mãos a medir, pois, para serem inseridos, tiveram de vender vários bens nas suas províncias de origem, para custear o seu ingresso.
Outros ainda se endividaram para poderem conseguir dinheiro que deveria ser devolvido tão logo terminassem a formação e começassem a receber salário.
Na tarde desta segunda-feira, alguns afectados pela medida foram chamados para o departamento dos Recursos Humanos da escola.
Espera-se que tenham recebido qualquer valor monetário para poderem apanhar um meio de transporte que os leva de volta às suas áreas de origem.
De salientar que que não é apenas no SME; para ingressar nos órgãos do Ministério do Interior é preciso pagar qualquer coisa.
A maioria do pessoal que é enquadrado na Polícia de ordem Pública, de Trânsito, de Intervenção Rápida, na sua maioria pagam valor que vão de 100 mil Kwanzas a 500 mil.