Caso Xtagiarious finance: Vítimas da burla acusam tribunais de incumprimento da sentença e prometem manifestações nos próximos dias
Os cidadãos burlados pela empresa Xtagiarious Finance, mostram-se agastados com a morosidade no desfecho do processo que ditou a sentença de condenação de Edson Caetano de Oliveira. As vítimas de burla desconfiam haver uma "mão invisível", a nível dos tribunais da 5ª secção da Dona Ana Joaquina e a 1ª secção do civel administrativo do tribunal de Comarca de Luanda.
Por: Telson Mateus
Perto de 900 cidadãos angolanos arrolados no mediático caso de burla da Xtagiarious Finance têm as mãos atadas pelos tribunais de Comarca de Luanda e Dona Ana Joaquina que, há dias de completar um ano desde que a sentença foi ditada na sala do cível administrativo, não conseguem reaver o dinheiro investido naquela empresa.
Em declarações ao NA MIRA DO CRIME, Bumba Joaquim, porta-voz do grupo de lesados, referiu que não havendo uma luz no fundo do túnel que vislumbre a possibilidade de serem ressarcidos os valores, conforme ficou vincado em tribunal não haverá outra alternativa senão recorrer às manifestações pacíficas para chamar atenção das autoridades sobre as irregularidades constantes neste processo.
O processo contra a empresa Xtagiarious Finance foi movido em 2021. "Passados três anos, embora o Edson de Oliveira tenha sido condenado, notamos que os tribunais estão a andar em contra-mão porque até agora não conseguem executar a parte da sentença que diz que os lesados devem receber os seus valores com base na insolvência do património da empresa", notou.
Segundo os lesados, existem bens que apreendidos pela Polícia durante a fase de instrução processual, mas que ao longo do processo, desapareceram dos autos e não se sabe qual é o paradeiro destes bens.
"A título de exemplo, durante a fase das audiências, o tribunal Dona Ana Joaquina não foi capaz de apresentar um extrato bancário das contas onde a empresa recebia o nosso dinheiro. Sabemos que destas contas foram transferidos valores para a conta do Flay Squad e do Dji Tafinha, um montante na ordem de 200 milhões de kwanzas. Mas estes cidadãos não foram ouvidos nem chamados para explicar qual era o objectivo daquelas transferências", sublinharam, clamando por justiça.
Agastados com as falcatruas dos tribunais, os lesados afirmam ter em sua posse, uma sentença da sala do cível do Tribunal Dona Ana Joaquina que em Dezembro, completa um ano, o que "acentua a nudez daquele órgão judicial".
"A sala do cível acusa a sala do crime de não querer entregar os bens e, por sua vez, a sala do crime, descredibiliza a sentença da sala do cível. Neste momento, nós os lesados, estamos reféns da luta dos dois tribunais", desabafaram.