Disse que tinha vagas do “Laborinho”: Ex-comandante da esquadra do "Pia Marta" acusado de burlar mais de dois milhões de kwanzas com promessas de enquadramento no SME e Bombeiros
Um cidadão nacional que responde pelo nome Anastácio Trezor Chenda, efectivo da Policia Nacional que ostenta as patentes de Inspector-Chefe, colocado no Comando Municipal do Kilamba Kiaxi, está a ser acusado de ter burlado 2 milhões e 500 mil de kwanzas a pacatos cidadãos, com falsas promessas de enquadramento no Ministério do Interior.
Por: Kihunga Bessa
Falando aos microfones do jornal Na Mira do Crime, uma das vítimas que pediu para não ser identificada, informou que o acusado já exerceu o cargo de comandante da esquadra do "Pia Marta".
Segundo a nossa entrevistada, tudo aconteceu no ano de 2022, quando o mesmo terá ligado para a vítima, aproveitando-se da amizade que existia entre ambos, e perguntou se a mesma não tinha familiares que queriam ingressar no Serviço de Migração Estrangeiros (SME).
"Procurei saber qual era a sua fonte, informou-me que tinha ligação familiar com antigo ministro do Interior, Eugénio Laborinho, e que o mesmo havia lhe disponibilizado algumas vagas", disse.
Acrescentou que, ouvindo aquilo, ficou totalmente comovida com a proposta e comunicou algumas primas, que na primeira fase entregaram um montante no valor de 1 milhão e cem mil kwanzas, que correspondia a 4 vagas.
Informou ainda que, depois de algum tempo, este mesmo polícia voltou a ligar para informar que lhe foi dada mais vagas, para enquadramento na polícia, e perguntou se ainda haviam candidatos para preencher os lugares.
"Foi assim que enviei mas 600 mil kwanzas para duas vagas", narrou, acrescentando que, mais uma vez, o inspector-chefe voltou a ligar a informar que, devido a amizade que mantinha com director nacional dos Bombeiros, lhe foi disponibilizado mais três vagas.
"Entreguei 800 mil kwanzas, perfazendo num total de 2 milhões e 500 mil”.
A vítima, avançou que, para o seu espanto, no decorrer do tempo as formações foram acontecendo e nenhum dos seus familiares foi chamado.
"Aquilo começou a trazer algum desconforto do nosso lado, daí que entrei várias vezes em contacto com ele, no intuito de saber o que se passava, mas infelizmente ele sempre pedia para aguardar, e que havia de resolver a situação”, recordou.
Diz que depois de “tanta chatice”, começou a pressionar o polícia, e este prometeu fazer a devolução dos valores, tendo devolvido até ao momento 500 mil kz.
“De lá para cá não diz mais nada, já não atende as chamadas”, lamentou.
De acordo com a entrevistada, depois de tantas voltas, no princípio do mês de Outubro foi a Inspecção da Polícia, com propósito abrir uma queixa contra o inspector.
“A partir da Inspecção fiquei a saber que ele é reincidente nestas práticas, mas prometeram que seria notificado”, no entanto, diz a senhora, a verdade é que até agora nada foi feito, e clama por justiça.
Respeitando o princípio do contraditório, este jornal contactou várias vezes acusado por via telefónica e mensagens para ouvir a sua versão, mas, infelizmente, sem sucesso.
Em seguida, contactamos o Porta-voz da Polícia em Luanda, Superintendente-chefe, Nestor Goubel, que prometeu pronunciar-se em breve.