"Pressionado" pelo Na Mira do Crime: Tribunal começa a julgar efectivo do SIC que matou jovem de 23 anos com tiro nas costas durante bebedeira
Após o jornal Na Mira do Crime ter noticiado na passada sexta-feira, 06, o “engavetamento” do processo número 646/2024, por conta dos sucessivos adiamentos do juiz da causa, Domingos Flevo, https://namiradocrime.info/show/12732 onde é arguido um efectivo do Serviço de Investigação Criminal, de nome Francisco Leonardo "Chico", agente de 1º classe, acusado de ter morto a tiro o jovem de 23 anos de idade, que em vida atendia pelo nome Humbero Afonso Calunga.
Por: Cambuta Vieira
O Na Mira sabe que o Tribunal notificou o tio da vítima, que é testemunha no processo, e não os pais ou os advogados, no sentido de comparecerem na manhã de terça-feira, 10, para o início do julgamento.
Na manhã desta terça-feira, 10, na 5ª Secção do Tribunal “Dona Ana Joaquina”, exactamente às 11 horas e 30 minutos, começava a primeira sessão do julgamento e uma equipa deste jornal esteve presente para acompanhar milimetricamente o caso.
O Ministério Público, representado por Bento Damião, fez a leitura da acusação… "Ficou provado que no dia 11 de Novembro de 2023, às 21 horas, na companhia do seu amigo, Bumba, após consumo de bebidas alcoólicas, sem motivos esclarecidos, a vítima procurou apaziguar um conflito, mas sem sucesso, o assassino disse vou te matar, pegando numa pistola do tipo Jericho, efectuou quatro disparos, tendo atingido o lesado, na região do braço e na clavícula, que resultou na morte do infeliz, o mesmo fez movido de ódio, o arguido aceita os factos que lhe são amputados”, narrou.
Em sede de audiência, o acusado disse que foi ter com um farmacêutico porque sentia-se mal, não encontrou o farmacêutico e decidiu ficar com o amigo identificado por Bumba, juntos beberam cada um copo com vinho, no bar do Angolano.
Quando decidiu sair da cantina, de repente apareceram três elementos desconhecidos, com idades entre 23 e 26 anos de idade, e do nada começaram agredi-lo e roubaram os seus pertences, sendo uma carteira de bolso contendo documentos pessoais, um valor de 15 mil kz, um telemóvel digital, de marca Samsung A65, e um par de ténis.
Depois disso, contou, entrou em luta corporal, e a arma caiu. “Um dos elementos pegou na arma, na luta do puxa não puxa a pistola disparou”, defendeu-se.
Tendo dito isto, o Juiz questionou-lhe por duas vezes.
"Leonardo, tu próprio acreditas na mentira que estás a nos dizer, um efectivo do SIC com16 anos de profissionalismo admitiria mesmo isso?".
De seguida, o Juiz adjunto pediu que o mesmo contasse a verdade, somente a verdade.
Fernando Afonso, testemunha e tio da vítima disse que no fatídico dia, foi inaugurado o bar do Big-Moy, e o Leonardo estava a beber no mesmo bar, depois disso deslocou-se até ao bar do Angolano, onde consumiu 4 copos de vinho, ele estava muito embriago, porque passou a tarde toda a beber.
“Quando decidiu sair e ficar fora, na sequência, vinham dois casais a conversar, o assassino esticou o pé, tendo impossibilitado a passagem, um dos jovens questionou o por que daquele comportamento, ele respondeu, eu sou autoridade, eu comando aqui, vou-te matar, começou logo a disparar a queima-roupa, depois de ter efectuado três disparos, não satisfeito, perseguiu a vítima até o beco da sua casa, onde efectuou o quarto disparo que atingiu o jovem mortalmente”, acusou.
O tio conta que, assim que o assassino apercebeu-se que matou, colocou-se em fuga junto com o amigo Bumba, foi perseguido pelo tio do malogrado, e este conseguiu o imobilizar, não satisfeito, disparou o quinto tiro com intenção de matar o tio, mas foi-lhe desarmada a pistola, se aperceberam que “o assassino” foi conviver com seis balas no carregador, porque havia restado uma bala.
Francisco Leonardo, conta a testemunha, conhecia bem a vítima, uma vez que o jovem era vendedor de “magoga”, e sempre que o acusado estivesse na paragem do Rocha Pinto, era o malogrado quem cuidava da sua refeição de pequeno almoço.
Depois de ter ouvido o acusado e uma testemunha, o juiz da causa pediu que a audiência fosse remarcada para o dia 17 de Dezembro, às 10 horas, para se ouvirem mais testemunhas arrolados no processo.