1° Secretário do MPLA dos Mulenvos de Baixo acusado de desviar mais de 1 milhão de kwanzas dos “Caps” e estar envolvido em venda ilegal de terrenos
O 1° Secretário do MPLA, no Distrito Urbano dos Mulenvos de Baixo, Paulo Mateus Neto, está a ser acusado de ter desviado um valor de 1 milhão e 500 mil kwanzas destinados aos Comités de Acção Política (CAP,s) do bairro Paraíso, e de envolvimento em vários escândalos, um dos quais, ligados a venda de terrenos de forma ilegal para benefício próprio, no bairro Deolinda Rodrigues, município de Cacuaco.
Por: Kihunga Bessa
Informações obtidas de fontes fidedignas pelo Na Mira do Crime, dão conta que o acusado não actua sozinho. Além dele, nessas acções delituosas, usa o seu comparsa, identificado por David Futa, ex- presidente da Comissão de Moradores, e também secretário do MPLA no sector n°14 do Bairro Deolinda Rodrigues como cabecilha dos negócios.
De acordo com a nossa fonte, os terrenos são comercializados de forma ilegal ao preço de 400 a 800 mil kwanzas, muitos deles revendidos a mais de duas pessoas passando documentos de cedência de espaços falsos com a bandeira do Partido.
"Quando o bairro começou a nascer foram deixados vários espaços para a construção de algumas infra-estruturas sociais e do partido. Mas esses espaços também não foram poupados", frisou.
De igual modo, o então secretário do partido dos camaradas naquela circunscrição é ainda acusado de ter desviado um valor de 1.500.000.00 (um milhão de kwanzas) que seria distribuído para os CAP,s do bairro Paraíso e de ter provocado a destruição da casa do partido (MPLA) naquele bairro nas vésperas das eleições gerais de 2022, cujos escombros até ao momento se encontram visíveis sem data para a sua recuperação no sentido de servir os militantes da zona.
Os denunciantes, foram mais longe ao afirmar que Paulo Mateus Neto faz cobrança da energia eléctrica na Comissão de Moradores do bairro Deolinda Rodrigues, valores cobrados igualmente aos coordenadores dos diferentes quarteirões, e de envolvimento no garimpo de água dificultando os moradores no acesso ao normal abastecimento de água potável no bairro.
"Aqui no bairro, o camarada 'Futa' e seu elenco sentem- se donos e senhores. Porque a venda de terrenos aqui é uma prática antiga deste grupo que nunca sentiram a mão pesada da lei", denunciaram.
“Um exemplo prático do abuso de poder deste grupo de usurpadores de terra, é que neste momento, o terreno adjacente a pracinha do bairro Deolinda Rodrigues, cujo espaço estava reservado para a construção de infra-estruturas sociais para população, hoje se encontra legalizado em seu nome", revelaram.
Em respeito ao princípio do contraditório, uma equipa de reportagem do Na Mira do Crime deslocou- se até aos Mulenvos de Baixo onde ouviu o acusado que disse não tratar-se de 1.500.000.00kzs mas sim 1.280.000.00kzs que o mesmo terá feito a entrega para o bairro Paraíso.
"Este dinheiro foi destinado ao apoio dos 1°s secretários dos Comités de Acção no dia das eleições para permitir que os nossos militantes pudessem afluir as Assembleias de voto em massa", defendeu-se.
Por outro lado, disse que o referido valor recebeu a madrugada do mesmo dia, no intuito de fazer chegar aos 299 CAPs distribuídos nos bairros do Paraíso, Belo Monte, Pedreira e Mulenvos sede, cuja distribuição foi seguida por um grupo de acompanhamento em todos os bairros.
"Como não podíamos reunir com todos os 1°s secretários no mesmo dia das eleições, então delegamos essa missão aos coordenadores dos grupos de acompanhamento, daí que entramos em contacto com o camarada António Cassumba que representava o bairro Paraíso que indicou o camarada Eduardo Camana que terá recebido os valores neste dia, e só ele consegue justificar o destino dado ao dinheiro", acusou.
Quanto as outras acusações a ele imposta, o acusado disse nunca ter estado envolvido em qualquer negociata de terrenos, muito menos na cobrança de energia eléctrica ou outras quaisquer.
"Eu faço esse trabalho do partido há mais de 15 anos, não é agora que vou fazer isso. Então, desminto e desconheço esta informação", salientou.
De seguida, a mesma equipa de reportagem seguiu viagem até ao bairro Paraíso onde também ouviu Eduardo Camana, outro acusado que disse ter sido uma estratégia bem arquitectada por parte do 1º secretário, e também desmentiu ter recebido a quantia de 1.280.000.00kzs mas sim ter recebido das mãos do 1° secretário um valor de 1.330.000.00kzs
"O dinheiro me foi entregue justamente no dia em que decorria as eleições por volta das 16 horas, e sendo tarde, devido a agitação do dia, preferi guardar o dinheiro na casa do partido, que horas depois veio a ser vandalizada", explicou.
Desconfiado de uma artimanha dos seus camaradas, Eduardo Camana questiona com uma pulga atrás das orelhas: "porque razão o 1° secretário trouxe o dinheiro se esta não era a sua função?", questionou.
Por este facto, este militante do MPLA não tem dúvidas que as pessoas vandalizaram a estrutura do partido seja alguém da casa e do próprio partido no poder.
O Na Mira do Crime sabe que os outros coordenadores dos grupos de acompanhamento, receberam os referidos valores na sede do distrito, dias depois das eleições.
Este portal sabe também que o MPLA nos Mulenvos de Baixo está de mal a pior, devido a acções dessa natureza praticada por militantes de proa local.