Cidadão de 45 anos levado por supostos efectivos do SIC está desaparecido desde o dia 22 de Dezembro
Um cidadão de 45 anos de idade, que atende pelo nome João Matias Soares, foi supostamente espancado por efectivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), e está desaparecido desde o dia 22 de Dezembro de 2024, quando, acompanhado de outros elementos não identificados, tinham em posse uma factura supostamente falsa, para levantarem produtos na fábrica chinesa de material de construção civil SUGE "Wang 2", em Viana, e foram surpreendidos por supostos efectivos do SIC.
Por: Cambundo Caholua
Segundo a irmã de João Matias, Ermelinda, o facto ocorreu na empresa WANG 2, afecto ao grupo SUGE, situado nos arredores do “Resort Bantu”, via expressa, onde o seu irmão, em companhia do motorista de um camião contentorizado e o ajudante, tinham em posse uma factura para levantamento de mercadoria na referida empresa.
Tivemos conhecimento do caso através de um nosso vizinho, de nome “Rei” que também é amigo do nosso irmão, e parece ser o responsável de todo esquema.
Segundo a nossa entrevistada, Rei informou à família do desaparecido, que a data dos factos, o amigo tinha sido brutalmente espancado após ser descoberto numa suposta burla.
“Ante do SIC aparecer, ele escreveu uma mensagem ao Rei, que não estava na empresa, a dizer que a factura que nos deste é falsa, aqui estão a complicar, traz a verdadeira factura", disse a nossa entrevistada, acrescentando que, a mesma mensagem foi lida pelo próprio Rei junto da família.
Como tudo ocorreu…
Ermelinda conta que, um dia depois de tomarem conhecimento dos factos, isto no dia 23 de Dezembro de 2024, deslocaram-se até a Wang 2 e, antes de se dirigirem à direcção da empresa, abordaram alguns funcionários que explicaram detalhadamente como tudo aconteceu.
“Eles deslocaram-se até a empresa, e colocaram o camião no interior, na tentativa de realizarem o carregamento do material, no entanto, os responsáveis da fábrica terão detectado alguma irregularidade no documento”, narrou.
Uma das responsável da WANG 2, apenas identificada por Ximi, conta, naquele mesmo instante chamou “o SIC”, e depois de alguns minutos, apareceram alguns efectivos daquele órgão, dentre os quais, o “chefe Kalunga” e o “chefe Lucas”.
“Os trabalhadores disseram que esses são os SICs que, quando há problema naquela empresa, eles é que vão resolver", começou por descrever.
Estes operativos do SIC, por sua vez, segundo Ermelinda, tão logo chegaram, começaram a espancar brutalmente o seu irmão e os outros integrantes, e, de seguida, levaram-nos em parte incerta, ou seja, desde o dia 22 de Dezembro de 2024, até a data presente, as famílias não sabem o paradeiro dos jovens.
"O meu irmão estava com mais duas pessoas no camião, o motorista e o ajudante, estes nós não conhecemos, nós, como família, não estamos a querer dizer que se ele for culpado não pague pelos seus actos, mas estamos chocados pela forma como foi espancado e, apesar de tudo isso, não dá o direito ao SIC de desaparecer com o meu irmão, isso é que nos preocupa”, lamentou.
“Não sabemos onde está, seria mais prático ao SIC levar a uma esquadra e não num local onde ninguém sabe", desabafou.
A jovem conta que o irmão nunca se meteu em caminhos criminosos, e desconfiam que alguém o influenciou para ir até a esse local.
“Peço que mostrem onde está o nosso irmão, a minha mãe já não aguenta, queremos saber o paradeiro dele, é apenas isso que pedimos", implorou.
Queixa no SIC-Viana
A família explicou que no mesmo dia deslocaram-se até ao Comando de Viana, e foram a direcção do SIC, com o mesmo vizinho Rei, e foram atendidos pelo chefe Silva, que também leu a mensagem no telemóvel do amigo do desaparecido, que ficou com o telemóvel retido e mandado em paz para sua residência.
Na manhã de segunda-feira, 06, o Na Mira do Crime deslocou-se até a SUGE, na WANG 1, situada no bairro Mutamba, junto às bombas da TOTAL, via expressa, sentido Benfica, bem como a WANG 2, arredores do Resort Bantu, a fim de ouvir a direcção da referida empresa, mas não obteve êxito.
Este jornal, por sua vez, também contactou o Porta-voz do SIC-Luanda, Fernando Carvalho, que garantiu se pronunciar nas próximas horas.