Comando “tigres” detidos na Lunda Norte com fardamento e passadores das FAA
Seis comando “tigres”, tropa desmobilizada da República Democrática do Congo, trajados com fardamento das Forças Armadas Angolanas, foram detidos pela Polícia Militar (PM) da 32ª brigada da bacia do Cuango, acusados de apresentarem guia falsa.
Por: Osvaldo de Nascimento
Em 2004 o PRS alertava que comandos tigres, também conhecidos por catangueses estavam a ser treinado pelas forças armadas angolanas na localidade do Kuango, município de Cafunfo na Lunda-Norte.
Sendo que não são efectivos das Forças Armadas Angolanas, a sociedade angolana naquelas paragens, questiona-se o motivos de ‘forças paralelas’ ao das FAA, circularem em território nacional com o mesmo fardamento e passadores dos que são usados pelos militares angolanos.
Grupo de ex-comandos tigres acusados de preparar golpe de Estado contra João Lourenço
O Tribunal da Comarca de Luanda deu início ao julgamento de 30 supostos falsos militares do ex-comando "tigres" das Forças Armadas Angolanas (FAA), detidos em 2020, no município de Viana.
De acordo com o Novo Jornal, Entre os arguidos encontra-se um homem que diz ser um tenente general que serviu o Exército durante 25 anos sem ser remunerado. Segundo acusação do Ministério Público (MP), os supostos falsos militares ostentavam todos os graus de oficiais. Dos 30 arguidos, um é tenente general, três são coronéis, quatro tenentes-coronéis, seis majores, 13 capitães e três tenentes.
Conforme a acusação, o grupo do ex-comando "tigres" em julgamento "são oportunistas que pretendiam ser inseridos na Caixa Social das FAA".
O magistrado do Ministério Público, João Gaspar Pedreneira, que apresentou a acusação, disse que o ex-comando "tigres" são provenientes do ex-comando "catangueses", da República Democrática do Congo (RDC), e que foram inseridos nas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), em 1977.
Anos depois, prossegue, esse contingente foi repartido em dois grupos, sendo um liderando pelo general Bumba Nataniel, que regressou à RDC, e outro liderado pelo comandante Gilberto João Kafunda, incorporado nas Forças Armadas Angolanas, no 24.º Regimento dos "tigres".
Segundo a acusação, com o alcance da paz em Angola, em 2002, o 24.º Regimento dos "tigres" foi desmobilizado e os seus elementos cadastrados na Caixa Social das FAA, onde os ex-militares recebem as suas pensões.
Porém, um elevado número de descontentes das forças militares do ex-comando "catangueses", com o objectivo de obterem benefícios da situação, criaram em 2017 o ex-comando "tigres", com o propósito de reclamarem o enquadramento nas fileiras das FAA, refere o MP.
Conforme descreve a acusação, o grupo do ex-comando "tigres" tinha cerca de 1.300 efectivos espalhados na província de Luanda.
O MP assegura que o grupo era composto, na sua maioria, por jovens, filhos de militares "catangueses" falecidos que reivindicam a indemnização por parte do Governo angolano pela morte dos seus pais em combate.
A acusação conta que esses jovens foram recrutados e submetidos a treino militar e realizavam formaturas semanalmente, num terreno em Viana, sob liderança do suposto tenente general Pedro Santos Monteiro, de 64 anos, arguidos no processo.
Narra o MP que no dia 10 de Novembro de 2020, quando os efectivos do ex-comando "tigres" se encontravam concentrados para realizarem as suas actividades militares e administrativas, num terreno localizado no km 58, bairro Kilenqa, arredores do futuro aeroporto internacional de Luanda, no município de Viana, este foi desmantelado por forças mistas compostos por polícia militar (PM) e Polícia Nacional (PN) que resultou na detenção dos 30 elementos.
A acusação refere que os 30 arguidos eram os principais chefes do denominado comando "tigres" e com eles foram apreendidos alguns pares de fardamentos e patentes.
General Severino dos ‘tigres’ fala em mal entendido
Contactado por este jornal, via telefone, o general Henda Mobunda Severino, que diz ser responsável dos comandos “tigres” disse que se tratava de um mal entendido a detenção dos seus efectivos, e que tudo estava a ser tratado entre as Forças Armadas Angolanas e o seu ‘contingente’.
Questionado por que usavam fardamentos e passadores das FAA uma vez que não são membros da tropa angolana, o responsável não avançou mais dados e disse que tudo estava a ser tratado em fórum próprio.
C/NovoJornal