Falta assistência: Médicos do Hospital Pediátrico humilham família de criança operada por anomalia anorretal
Uma cidadã de nome Isabel António Manuel, de 18 anos de idade, residente no bairro Deolinda, uma zona humilde nas proximidades da paragem da Nova Cimangola, Município de Cacuaco, deu à luz a uma bebé com má-formação congénita caracterizada pela ausência do ânus, no passado dia 02 de Janeiro do ano em curso.
Por: Alfredo dos Santos Talamaku
Segundo a mãe da menor, após o trabalho de parto, ninguém se apercebeu da anomalia da recém-nascida. Um dia depois, durante a lavagem da menor, foi possível notar que a criança estava sem o orifício anal.
Levaram-na para o Hospital Augusto Ngangula que, por sua vez, a transferiu para o Hospital David Bernardino.
Após vários dias de internamento, no dia 12 de Janeiro, a mãe foi orientada a levar a criança para a sala de preparação cirúrgica, mas posto lá recebeu a triste informação de que já não havia vaga para a cirurgia.
"A criança chorava muito, não comia, apenas recebia balões de soros, e no dia 13, do mesmo mês, levaram - na para a sala de cirurgia, depois de grandes batalhas com o corpo clinico", narrou, acrescentando que depois de ser operada, foi levada para os cuidados intensivos, sem a mãe saber de nada. "Quando descobri, notei que fizeram uma ligação do intestino com uma abertura na barriga, onde passam as fezes", contou.
No entanto, depois da alta hospitalar foi orientada a voltar ao Hospital no dia 25 de Janeiro para o controlo médico.
"O Doutor Hélio, que fez a operação nem sequer me permitiu entrar no seu consultório, tendo orientado apenas que comprássemos soro fisiológico e uma pomada e lavássemos a ferida caso estivesse infectada", revelou, precisando que o orifício que se abriu na barriga para facilitar a saída das fezes, ficou infectada: saía pus, até nos órgãos genitais".
A avó da menor conta que foram momentos de ida e volta ao Hospital sem serem devidamente atendidas e que mãe da bebé na companhia da sua irmã decidiu expor as imagens da bebé nas redes sociais para chamar à atenção do público e do ministério da saúde.
"Fomos contactados pelo INEMA, vieram e levaram a criança para o David Bernardino. Quando eles se retiraram, os enfermeiros trataram-nos mal, disseram que nós espalhamos mentiras nas redes sociais e tínhamos que eliminar a imagem da bebé que estava exposta, sob pena de não mais receber tratamento".
Mais tarde, disse, apareceram alguns senhores que diziam ser enviadas da Ministra da saúde; Sílvia Lutucuta, tiraram fotos; e naquele momento "estavam a tratar-nos bem, mas quando se foram, tudo piorou e gritavam comigo, como se eu tivesse estragado os seus empregos".
Com 11 meses de idade, a criança alimenta-se apenas do leite do peito da mãe e, por vezes, come papa de fuba de bombo.
"No hospital disseram que temos que lhe dar cereais e iogurte, mas não temos dinheiro; precisamos de pessoas que nos ajudem com fraldas descartáveis.
A família lança o grito de socorro a sociedade e a quem de direito, para ajudar esta criança que carece de atenção e de ajuda do Estado angolano.