PGR acusada de colocar em liberdade assassinos confessos do Oficial da Polícia e filha
Dos quatro Procuradores que fizeram parte do processo número 14084/21, um decidiu soltar os homicidas confessos do Inspector da Polícia Nacional (PN) que, em vida, se chamou Ronde Manuel António, de 37 anos, e sua filha Carina Soares António, de 12 anos de idade, no interior da sua residência no dia 08 de Setembro de 2021, no bairro Muxima Umoxi, Zango Zero, Município de Viana.
Por: Matias Miguel
"A notícia caiu como uma bomba sobre as nossas cabeças", dizem os familiares dos malogrados, para quem, depois de um ano e quatro meses, nada mais esperam se não que a justiça seja feita; é a única coisa que restava para o seu consolo.
A família está ciente que nada trará de volta os seus ente-queridos, mas não acham justo que um homicida confesso seja posto em liberdade, como se nada tivesse feito.
Os "assassinos" Ramires António Pedro o marginal que foi alvejado com um tiro no pescoço pelo malogrado antes de ter o corpo cravado com tiros de AKM e conhecer a morte de imediato, esteve no Hospital Américo Boavida a receber assistência médica, depois transferido para o Hospital Prisão de São Paulo, mas tarde transferido de novo para a Cadeia de Viana.
Este, por sua vez, colaborou com os Serviços de Investigação Criminal (SIC), o que permitiu a captura de António Agostinho, mais conhecido por AG, o tal que tinha o bigode trançado à data dos factos e reconhecido pela esposa do malogrado.
O processo começou na Esquadra do Zango Zero, depois foi para a PGR do Luanda-Sul, onde funciona o Procurador Rui André; transitou depois para o SIC Provincial; regressou para Luanda-Sul, voltou outra vez para o SIC-Provincial, configurando um jogo estranho de perceber, deixando a família ainda mais apoquentada.
O processo 14084/21 foi tratado por quatro procuradores: Aires, Rui José André, Aires Mafuta e Ricardo Jorge de Almeida Fernandes, que não foram capazes de explicar à família dos malogrados os motivos da soltura dos réus confessos.
"O que faz espécie é que os réus confessaram serem os actores, num áudio em nossa posse e, na acareação, a esposa reconheceu o marginal que usava trança no bigode, o tal que partiu o vidro, entrou primeiro pela janela e fez o disparo de pistola contra a filha Carina, na sala de jantar", patenteou.
A família abalada promete levar o caso até às últimas consequências, porque desconhecem os passos a seguir a serem dados pelos marginais agora em liberdade. "Não vamos parar por aqui; acreditamos nas palavras do Presidente da República, segundo as quais 'não existe pobre que não tenha direito a justiça, nem rico que esteja acima da Lei", acreditam, mas aborrecidos porque incrível que pareça, a lei do homem "não conseguiu fazer justiça, mesmo com todas ferramentas nas mãos, o Procurador colocou na sociedade dois delinquentes altamente perigosos".