Angola arresta aviões, iates, viaturas de luxo, edifícios em Wall Street, Dubai e Singapura
No âmbito do combate à corrupção, Angola apreendeu e arrestou bens de luxo como aviões, edifícios em Wall Street e Dubai, um Lamborghini, assim como um centro para estágios de futebol e um SPA
Por: Na Mira do Crime
A directora do Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA), Eduarda Rodrigues, disse recentemente que foram identificados, nos dois últimos anos, mais 24 mil milhões de dólares nos processos em investigação sobre recuperação de bens, soma que agora ascende a 70 mil milhões de dólares.
De acordo com uma lista que o Na Mira do Crime teve acesso, o país recuperou 219 bens e activos, 167 arrestados e 521 apreendidos, incluindo mais de 500 milhões de euros em dinheiro só em Portugal.
Os referidos bens e activos, que ainda não estão a ser geridos pelo Governo angolano porque aguardam por uma decisão judicial definitiva, constam da lista actualizada disponível no site da Procuradoria-Geral da República (PGR), assinalados como bens apreendidos, arrestados e recuperados.
Caso ganhe os processos que correm em tribunal, em Portugal, além dos mais de 500 milhões de euros em dinheiro arrestados, país onde Angola deverá passar a gerir vários imóveis em Lisboa, Porto e Santarém, um apartamento em Rio de Mouro, nos arredores da capital, e vivendas no Algarve, entre outros.
Constam entre os bens arrestados pelas autoridades angolanas, de acordo com a lista disponível no site da PGR, várias aeronaves, um hotel na China avaliado em 25 milhões de dólares, dois edifícios no valor de 130 milhões de dólares em Singapura, para além do activo mais valioso de toda a lista, o edifício de quatro andares em Wall Street, Nº 23, avaliado em 450 milhões de dólares, arrestado no ano passado, e cujo fiel depositário é a China Sonangol International.
Há ainda a referência no site da PGR de muitos milhões de dólares, libras, euros e kwanzas, dos quais mais de 500 milhões de euros foram arrestados em Portugal.
Apesar de pormenorizar a descrição do bem, o valor, o fiel depositário, a situação actual e o ano, o referido site não especifica quem era o anterior proprietário, sendo que, por exemplo, entre os bens apreendidos, estão 30 relógios no valor de 2,6 mil milhões de dólares que estão desde 2021 “à guarda do fiel depositário”, o Banco Nacional de Angola, ou o condomínio Tambarino, em Benguela, no valor de 138 milhões de dólares, cujo “fiel depositário é o Banco de Poupança e Crédito (BPC)”.
Destaca-se também que, entre os bens apreendidos, há um Lamborghini, apreendido em 2021 que, à semelhança de outras dezenas de veículos de marcas de luxo, iates, camiões, motas de água, atrelados e jipes, aguarda ainda avaliação.
Para além dos veículos, Angola arrestou igualmente, camiões, escolas, vivendas no Algarve, apartamentos de luxo em Lisboa, Cascais e Santarém, um parque de estacionamento na província da Huíla, dezenas de hotéis, um centro de tratamentos e SPA, um centro de hemodiálise em Luanda, 49% das acções do Standard Bank em Angola, avaliadas em 117 milhões de euros e até um centro de estágio de futebol em Cacuaco, afecto a uma instituição pública.
Na mesma esteira foram arrestados os 26% das acções da NOS, que se juntam aos 42,5% das acções do Banco Euro BIC, 51% das participações sociais no Banco Fomento Angola (BFA) e 42,5% das acções no Banco BIC, cujos fiéis depositários são os conselhos de administração das empresas, incluindo 219 bens e activos recuperados, apreendidos ou arrestados, parte dos quais relacionados com processos ainda em curso, num total de 19 mil milhões de dólares, dos quais, 7 mil milhões de dólares correspondem a bens recuperados e cerca de 12 mil milhões de dólares foram apreendidos ou arrestados.